domingo, 12 de julho de 2015

Minas “namora” com os EUA

COMÉRCIO

Fato de o país comprar mais variedade de produtos, enquanto a China foca no ferro, é vantagem


PUBLICADO EM 12/07/15 - 03h00
Mais do que uma visita formal com jantares e reuniões, a recente ida da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos pode resultar em aproximação comercial concreta e render bons frutos tanto para o país como para os mineiros. A terra do Tio Sam é o segundo maior destino das exportações mineiras, só perdendo para os chineses, grandes compradores de minério de ferro. O ponto fraco da China enquanto freguês – comprar basicamente um produto só – é a grande vantagem dos norte-americanos: eles compram de tudo, e do mundo todo.

A participação do país nas vendas mineiras está crescendo. No primeiro semestre, os Estados Unidos representaram 10,84% das exportações do Estado, enquanto que, no mesmo período de 2014, chegou a 7,96%. Em igual intervalo, a participação chinesa nos embarques passou de 31,69% para 23,36%, conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

No acumulado dos seis primeiros meses de 2015 na comparação com igual período do ano anterior, as vendas de Minas Gerais para os Estados Unidos registraram queda de 0,03%, percentual bem menor que o recuo das vendas para a China, de 45,93%.

O professor de economia do Ibmec Felipe Leroy confirma que a aproximação política entre os dois países pode ajudar a aumentar o fluxo de comércio. “O que aconteceu foi um passo importante, mas que tem que ser reforçado. A vantagem dos Estados Unidos é que a pauta de produto para o país é mais diversificada do que a chinesa”, diz.

Para a pesquisadora visitante da Fundação João Pinheiro Jane Noronha Carvalhais, a melhoria em vários indicadores dos Estados Unidos pode favorecer o Brasil, com o aumento das exportações para o país.

O consultor de negócios internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, diz que a aproximação do governo brasileiro com o norte-americano não tem impactos imediatos, mas ajuda na relação comercial, que conta com ambiente mais positivo. “Agora, vender mais para os Estados Unidos depende bem mais do desempenho da economia norte-americana”, observa.

Ele também destaca como principal vantagem a diversificação de suas compras, que vão dos produtos básicos aos manufaturados. “Mas, seja para a China ou os Estados Unidos, o importante é vender”, defende.

Segundo levantamento feito pela Exportaminas, no primeiro semestre deste ano o café verde e torrado foi responsável por 29,9% da compra dos norte-americanos, seguido por itens ligados a ferro e aço. No caso da China, 70,5% de tudo o que o país comprou de Minas é minério, seguido pela soja (13,5%).

O secretário adjunto da secretaria de Desenvolvimento Econômico, Rogério Bellini, ressalta que a China ainda cresce em patamares consideráveis na comparação com a maioria dos países, porém está com alto estoque de minério. Em junho deste ano, economistas do banco central da China reduziram a previsão para o crescimento da economia do país em 2015 para 7,0%, ante 7,1%.

País é segundo maior mercado

Assim como acontece com Minas Gerais, os Estados Unidos ocupam o segundo lugar de destino das exportações brasileiras, com 12,65% do total. A China lidera (19,59%), e a Argentina segue em terceiro (6,78%), conforme dados do governo federal. No primeiro semestre de 2015 frente ao mesmo de 2014, as vendas externas para os norte-americanos tiveram queda de 6,30% – bem menor que o recuo de 22,63% para a China.

Nenhum comentário: