Malco Camargos
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malco@institutover.com.br
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Cenários adversos não são novidades durante os últimos 13 anos. Quando Lula assumiu a Presidência da República, em 2003, os indicadores da economia se deterioraram rapidamente a partir da insegurança em relação aos rumos que o novo governo iria tomar. O risco Brasil aumentou, o capital internacional diminuiu e a inflação estava crescente. A receita aplicada por Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, e por Antônio Palocci, ministro da Fazenda, foi o corte de despesas para gerar o superávit primário, a elevação da taxa de juros e a manutenção do acordo com o Fundo Monetário Internacional – solução mais ortodoxa impossível.
No final do primeiro mandado, depois de colher bons frutos na economia, os problemas vividos pelo PT eram de outra ordem. Nos anos de 2005 e 2006 foi desnudado o escândalo do mensalão, que consistia no pagamentos de propinas a parlamentares para que estes votassem a favor de projetos do governo. Neste escândalo foram cassados 18 parlamentares e dois dos principais ministros do governo federal foram indiciados: Antonio Palocci e José Dirceu.
Contudo, em 2006, mesmo com a cúpula do seu governo sendo processada e vários parlamentares do PT e da base aliada sendo julgados pelo STF, o presidente Lula conquistou sua reeleição ancorado na reordenação dos investimentos sociais e nos bons resultados da economia durante o seu primeiro mandato.
Em 2008 o país enfrentou nova crise econômica, desta vez por problemas externos. A crise no sistema bancário nos Estados Unidos gerou quedas das bolsas de todo o mundo e, no Brasil, convivemos novamente com a escassez de recursos e alta do dólar. Porém, a política de incentivo ao consumo implementada pelo governo federal fez com que os impactos fossem pequenos nos orçamentos das famílias brasileiras.
Dilma entrou para a história em 2010 como a primeira mulher presidente da República, ungida pelas mãos de seu criador, Lula. No primeiro mandato a economia vinha apresentando sinais de deterioração com o esgotamento do modelo de incentivo ao consumo e falta de controle de gastos e represamento de preços públicos.
Atualmente, a piora nas contas públicas e aumento da inflação e desemprego leva à necessidade de novo ajuste econômico, porém, desta vez, associado ao escândalo de corrupção na Petrobras. Esse cenário faz com que parte significativa da opinião pública critique o governo por três vieses: uns pela necessidade e consequências sofridas no ajuste fiscal, outros que reclamam por uma política mais ética e um terceiro grupo que responsabiliza a corrupção pelo ajuste. A combinação entre os dois fatores, ajuste econômico e corrupção, tem sido para o governo como a junção de fogo e gasolina.
(* Doutor em Ciência Política, professor da PUC Minas e diretor do Instituto Ver)
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