Continua alto
Dólar chega a R$ 4,08 nesta quarta-feira
Nesta terça-feira (22), o dólar comercial fechou o dia cotado a R$ 4,054, recorde histórico do real, criado em 1994
Dólar segue em alta
PUBLICADO EM 23/09/15 - 10h26
A crise política e as incertezas na área econômica levaram o dólar a
ultrapassar a barreira dos R$ 4. Nessa terça-feira (22), o dólar
comercial já havia fechado o dia cotado a R$ 4,054, recorde histórico do
real, criado em 1994. Hoje, às 9h10, a moeda estava cotada para venda a
R$ 4,0197, queda de 0,034%. E por volta de 10h, chegou a R$ 4,08.
Para o professor de macroeconomia do Ibemec-RJ, Alexandre Espírito
Santo, a principal motivação para alta recente do dólar é a crise
política e as dificuldades do governo de conseguir aprovar medidas de
ajuste fiscal no Congresso Nacional. “Há nitidamente uma motivação
doméstica”, disse.
O professor acrescentou que também tem influenciado a cotação do dólar,
a indicação de integrantes do Federal Reserve (Fed), Banco Central
norte-americano, de que os juros dos Estados Unidos podem subir antes do
fim do ano.
Na semana passada, o Fed decidiu adiar o aumento dos juros básicos da
maior economia do planeta, que estão entre 0% e 0,25% ao ano desde o fim
de 2008. Segundo o órgão, uma elevação neste momento poderia trazer
riscos para a economia mundial.
Altas de juros nos Estados Unidos pressionam a cotação do dólar em todo
o planeta. Taxas maiores incentivam os investidores a retirar recursos
de países emergentes, como o Brasil, para aplicar em títulos do Tesouro
norte-americano, considerados a opção de titulos mais segura do planeta.
Espírito Santo acrescentou que há também especulações sobre a
possibilidade de mais agências de classificação de risco retirarem o
grau de investimento do Brasil. No último dia 9, a agência de
classificação de riscos Standard&Poor's reduziu a nota de crédito do
Brasil de BBB- para BB+, com perspectiva negativa, o que significa que
há chance de nova revisão para baixo no futuro. Com a redução, o Brasil
perdeu o grau de investimento, conferido a países considerados bons
pagadores e seguros para investir.
O professor destaca que quando um país perde o grau de investimento de
duas agências, fundos de investimentos deixam o país. “Seria uma pressão
muito grande, com muitos investidores saindo”, disse.
Espírito Santo acrescentou que a taxa de câmbio real (descontada a
inflação brasileira e americana) média os últimos 20 anos é R$ 3,50.
Para o final do ano, ele projeta dólar entre R$ 3,70 e R$ 3,80.
Hoje, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, participa
da abertura da Missão de Revisão Anual da Fitch Ratings, agência de
classificação de risco. O evento é fechado à imprensa.
Para suavizar a alta do dólar e tentar oferecer proteção às empresas
contra as fortes oscilações da moeda americana, o BC tem feito operações
de rolagem (renovação) de contratos de venda de dólares no mercado
futuro (swap cambial). Recentemente, o BC também fez alguns leilões de
vendas de dólares com compromisso de recompra no futuro. Ontem, a única
intervenção do BC no mercado foi por meio dos contratos de swap.
Atualizada às 10h35
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