22/09/2015
às 3:39Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
Indago
num outro post (leiam) com quem Dilma Rousseff aprendeu a fazer
política. A minha conclusão é que só teve maus professores: primeiro os
terroristas de duas organizações clandestinas; depois, Leonel Brizola;
na sequência, Lula. Como se diz em Dois Córregos, em matéria de teoria,
com isso, não se faz um capuz para um dedo. É quase nada. E isso explica
as monumentais trapalhadas.
Dilma
decidiu fazer a sua “reforma ministerial” — aquela que foi anunciada por
Nelson Barbosa antes que a presidente tivesse ao menos um desenho em
mente. E, ora, ora, ainda que tenha sido desaconselhada por Michel
Temer, o vice, a cuidar agora desse assunto, ela decidiu ir adiante.
Pense você aí em casa ou no trabalho, leitor amigo. Na situação de
Dilma, hoje em dia, você começaria a discutir quantos ministros o PMDB
vai perder?
Ah, eu não
faria isso. Eu começaria a passar o facão no PT, meu partido — quero
dizer, dela — para dar o exemplo. Diminuiria substancialmente o poder
desproporcional que tem a legenda, para, então, demonstrando que a
determinação é mesmo cortar na carne, chegar ao PMDB. Muito bem: segundo
informações preliminares, sabem quais pastas os companheiros perderiam?
Direitos Humanos, Igualdade Racial e Mulheres. Adivinhem quantos
partidos não gostariam de tê-las…
Ora, tenham a
santa paciência! O PMDB ocupa hoje os seguintes ministérios: Minas e
Energia, Agricultura, Turismo, Pesca, Portos e Aviação Civil.
Importantes aí, convenham, só os dois primeiros. O senso comum estaria a
indicar que Dilma deveria é proceder a uma partilha mais equânime entre
petistas e peemedebistas, né? Mas quê… Ela pretende que o principal
partido da base perca duas pastas, que seriam absorvidas por outras: a
da Pesca iria para a Agricultura — de onde nunca deveria ter saído —, e a
do Turismo, para o Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que nem está
com o PMDB.
Só para
lembrar, caros: estão com petistas explícitos ou que não ousam dizer seu
nome, como Renato Janine Ribeiro, as seguintes áreas: Advocacia-Geral
da União, Casa Civil, Comunicação Social, Comunicações,
Controladoria-Geral da União, Cultura, Defesa, Desenvolvimento Agrário,
Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Educação, Igualdade Racial,
Justiça, Planejamento, Mulheres, Saúde e Secretaria-Geral da
Presidência…
Entenderam?
Com 17 pastas, o PT toparia abrir mão de três irrelevâncias. E Dilma
ainda quer tomar duas das seis que estão a cargo do PMDB. Talvez Dilma
aceite dar aos peemedebistas a Saúde, um presente que eu recusaria hoje
em dia de imediato.
Ora, não por
acaso, o PMDB agradeceu o convite para indicar nomes para uma eventual
reforma. Temer se dispensou de fazer sugestões. Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
presidente da Câmara, não escondeu que foi convidado a dar pitaco no
assunto, mas preferiu ficar longe da confusão. Nem Renan Calheiros
(PMDB-AL), uma das apostas de Dilma para a tal governabilidade, quis
saber do assunto.
A conversa da reforma ministerial, que traria junto uma pequena reforma administrativa, nasceu torta para não acontecer.
No fim das
contas, estamos com as chamadas variações em torno do mesmo tema, não é?
Dilma deveria saber que o que não tem solução, ora vejam, solucionado
está. Ela sabe qual é, para ela, hoje, a melhor saída. É a única saída.
Ah, sim: você, leitor, dado o ambiente, discutiria reforma ministerial às vésperas da votação do relatório do TCU?
Convenham: é um milagre que Dilma ainda seja presidente. A política não costuma aguentar tantos desaforos.
Texto publicado originalmente às 2h36
Tags: Governo Dilma, reforma ministerial
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