Relator do Orçamento do ano que vem quer cortar 35% do principal programa social. E agora?
Tirou-se
o manto diáfano da fantasia do governo Dilma, mas a governanta parece
ainda não se ter dado conta da nudez crua da verdade, para lembrar Eça
de Queirós. E por isso, tende a insistir em permanecer no Palácio do
Planalto, embora os fatos insistam em conspirar contra ela,
lembrando-lhe não mais do que a sua biografia de governo.
Como era
esperado e como sabia qualquer pessoa que analisasse os números, e já se
tratou disso aqui tantas vezes, o governo não vai fazer neste ano
aquele 0,15% de superávit primário. Nesta quinta, deve assumir um
déficit que chegará, no mínimo, a 0,85% do PIB. Mais um. E ainda será um
número falso. No ano passado, as contas já ficaram no vermelho. Por
isso Dilma pedalou. E por isso tem de perder o mandato — por isso
também, note-se.
O rombo
neste ano deve chegar a R$ 50 bilhões — no ano passado, foi de R$ 32,5
bilhões. Embora ela o tenha negado de pés juntos. Atenção! Para tentar
se livrar de uma reprovação das contas no Congresso, o governo prometeu
compensar os bancos públicos pelo bicletismo. Aí o rombo pode chegar
perto de R$ 90 bilhões. Sim, só de assalto aos bancos públicos, aquele
que o governo negava, há um passivo de uns R$ 40 bilhões relativo a
2014. Aí o déficit primário chegará a espantoso 1,53% do PIB.
Segundo,
no entanto, a Fundação Perseu Abramo, do PT, o próprio partido e os
economistas de esquerda, não há crise nenhuma no Brasil. Tudo seria uma
invenção de neoliberais. No congresso da CUT da semana passada, onde
Dilma ouviu, impassível, “Fora, Levy”, Lula recomendou incentivar o
crédito e aumentar os gastos públicos.
Alguma
surpresa? Não! Foi preciso desacelerar a economia e praticar recessão,
não por boniteza, como diria Guimarães Rosa, que Dilma gosta de citar,
mas por necessidade. A arrecadação despencou, e o dinheiro faltou.
Simples assim. Dramático assim.
É por isso
que as agências de classificação de risco deram um downgrade no país.
Assumir a piaba, no entanto, não quer dizer resolver o problema. Para
lembrar: o Brasil já está no primeiro degrau do patamar especulativo na
Standard & Pooor’s e a apenas um de atingir a mesma condição da
Fitch na Moddy’s.
A
expectativa é que, assumindo o tamanho do problema, o país evite novo
rebaixamento em razão da sua sinceridade. Não me parece que possa dar
certo. Um sincero quebrado continua… quebrado.
Orçamento de 2016
O país insiste num superávit de 0,7% no ano que vem — lembre-se que, também nesse caso, a ideia era admitir o déficit. Como consequência, veio o rebaixamento da S&P. Para tanto, o relator da peça orçamentária, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), vai propor um corte de, atenção!, 35% nos gastos do Bolsa Família. Estão previstos, no ano que vem, R$ 28,8 bilhões para a área — que ficaria com pouco menos de R$ 19 bilhões.
O país insiste num superávit de 0,7% no ano que vem — lembre-se que, também nesse caso, a ideia era admitir o déficit. Como consequência, veio o rebaixamento da S&P. Para tanto, o relator da peça orçamentária, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), vai propor um corte de, atenção!, 35% nos gastos do Bolsa Família. Estão previstos, no ano que vem, R$ 28,8 bilhões para a área — que ficaria com pouco menos de R$ 19 bilhões.
O deputado
fez um raciocínio que costuma levar ruminantes de esquerda e do PT a
uma concussão cerebral: “No Bolsa Família há uma grande rotatividade. As
famílias que estão no programa serão mantidas e as que saem não serão
substituídas, é simples o raciocínio. Precisamos ser racionais, e não
agir com emoção. Não vou votar um Orçamento deficitário.”
O que dirá
Dilma? O que dirão os petistas? Não custa lembrar que a governanta
venceu a eleição por uma estreita margem, e uma das campanhas
terroristas do petismo insistia que Aécio Neves, do PSDB, se vencesse a
disputa, iria pôr fim ao Bolsa Família. Digamos que esse se tornou o
território sagrado do PT.
Atenção! O
governo estuprou a Lei de Responsabilidade Fiscal no ano passado. Fez o
mesmo neste ano. Tende a repetir a dose no ano que vem. Isso, por si
só, se querem saber, caracteriza crime de responsabilidade.
Qual é a
espírito da LRF, a cada item? Não se cria despesa sem receita que a
cubra. Se vale para cada parte, tem de valer para o todo. Dilma
sustentou o último ano de seu governo e o primeiro do novo na base dos
crimes fiscais. Sem contar o resto da bandalheira.
Esta
senhora está contribuindo para afundar a economia do país. Mais uma vez,
volta-se ao ponto: tire-se Eduardo Cunha do meio do caminho, que os
tontos juram ser o problema, e resta o quê?
Dilma
poderia encurtar a agonia de todos nós e pedir para sair. A crise
econômica já está aí. A política está dada. A de governança é evidente.
Essa costuma ser a receita de uma crise social, que é sempre mais feia.
Atenda ao chamado do bom senso, Dilma, e peça para sair. Enquanto é tempo.
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