quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Artimanha é ganhar tempo e jogar tudo para o pós-crise


Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br


22/10/2015

Ao iniciar a tramitação da análise das contas de 2004 do governo, reprovadas pelo Tribunal de Contas da União, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), queria dar 45 dias de prazo à defesa, ou seja, final do ano. Conseguiu apenas 15. Ainda assim, ajudou o governo, que queria jogar tudo para o ano que vem, quando, quem sabe, o clima político estaria menos belicoso. O mesmo governo quer ganhar tempo com a análise do pedido impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), apostando que, até lá, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), principal algoz, já tenha caído por denúncias que o ligam a contas secretas na Suíça, que seriam alimentadas pelo esquema de desvios na Petrobras.
A oposição quer encurtar o tempo e aproveitar a nova trombada entre Cunha e Dilma para agilizar e pedalar o processo de impeachment contra ela, enquanto o peemedebista ainda é o presidente da Casa. Sem ele, poderia não haver risco de ameaçar e até de afastar a presidente. Provocada, a Corte Suprema (STF), guardiã da Constituição, concedeu três liminares para suspender os procedimentos que aceleravam a abertura do processo de impeachment e evitar, pelo menos até o plenário do Supremo se manifestar sobre o assunto, possíveis situações de “dano grave” à ordem institucional.
É claro que o devido processo legal deve ser observado e respeitado, e as instituições estão aí em pleno exercício de suas funções dentro do sistema de freios e contrapesos consagrado na Constituição. Ainda assim, o tempo virou recurso para quase tudo, especialmente quando não sabem o que fazer ou enfrentar uma crise como a que insiste em engolir o primeiro ano de segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), levando consigo o ano de 2015.
Estabilidade evaporou
Todos estão a esperar, para tomar as decisões, o retorno de uma estabilidade política como a dos últimos dez anos que, segundo o jornal inglês “Financial Times”, desapareceu no ar. Esquecem, porém, que a estabilidade não cairá dos céus, mas da iniciativa de cada um dos atores e responsáveis pela coisa pública.
Novo site ‘some’ com o passado
Vão dizer que é coisa do PT e que, por isso, os outros não existem, mas desde essa quarta o governo colocou no ar o novo site da Agência Minas, que divulga em tempo real atos da administração pública estadual. Como em um passe de mágica, todo o conteúdo anterior à atual gestão desapareceu, como se não houvesse passado. Mudar é sempre bom, até para atualizar a linguagem e dar a nova cara do governo, mas a história continua.
A informação oficial é de que se trata apenas de ajuste e que, logo, logo, tudo voltará ao normal. É bom que seja, até porque existe o hoje, o amanhã e o depois de amanhã. Quando surgirem, por exemplo, os indicadores oficiais de criminalidade, saúde e educação será importante fazer o comparativo sobre o desempenho de cada governo nessas áreas prioritárias das políticas públicas. Até porque o site é do governo de Minas e não desse ou daquele governante e seu conteúdo faz parte da história da administração, independentemente do gestor ou de partido. De acordo com informação do governo, o conteúdo anterior está disponível nos sites de cada secretaria.

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