terça-feira, 3 de novembro de 2015

Com risco de impeachment, país não sairá da paralisia

Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br
  

03/11/2015

Nesta reta final do ano, o maior desafio do governo Dilma Rousseff (PT) e do país é desarmar o impeachment da presidente para tentar ajustar a economia à nova realidade e voltar a crescer. Por mais que digam que o processo não irá prosperar, que não há elementos jurídicos e objetivos, ainda assim sobra muita insegurança no próprio governo, entre os políticos e, de maneira intensa, no empresariado; enfim, em todo o país.
Se for com Dilma é de um jeito; sem ela, de outro, mas entre uma coisa e outra haverá desarrumação geral que trará desordem por muito tempo antes de ser alcançada a estabilidade que todos desejam. Além de pôr em teste a democracia e o equilíbrio institucional, manter o impeachment armado e apontado para a presidente só interessa àqueles que têm projetos políticos pessoais e de grupos, mas seria um desastre para o país.
Sem entrar no mérito desse ou daquele partido, não seria pelo fato de o país perder o atual governo, apesar do desastroso segundo mandato de Dilma, mas pela incapacidade de conviver com crises, política ou econômica, ou ainda, as duas juntas, sem a necessidade de piorar ainda mais. Se isso é bom para a oposição, para o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e seu partido, o PMDB, manter a pauta-bomba do impeachment o tempo todo só piora o ambiente econômico. É como se, a cada momento, tudo fosse mudar. Com essa dúvida na cabeça, investidores e consumidores ficam inseguros de tomar decisões, que, em situações normais, já seriam de riscos.
Arregimentando os exércitos
Em meio à trégua política, com perspectiva de durar até o ano que vem, governo e seu principal algoz, Eduardo Cunha, se preparam, cada a um a seu modo, para a batalha final. Prestes a ser julgado no Conselho de Ética da Câmara, Cunha se fortalece junto a aliados que lhe dão sustentação política, acelerando a votação de projetos que têm apoio de evangélicos, dos ruralistas e da “bancada da bala” (fortalecimento de entidades religiosas, definição do que é família em novo estatuto, alterações no estatuto do desarmamento; dificuldades na prática do aborto legal). Entre outras pautas conservadores, Cunha vai formando seu pequeno exército. Do lado do governo, cargos de segundo e terceiro escalões são distribuídos sem critérios a apadrinhados de aliados, para pacificar a base aliada, concluir o ajuste fiscal e afastar o risco de impeachment.
Sem a PM, risco ambiental é maior
Como o governo mineiro ignorou apelos de aliados e entidades ambientalistas, em favor do setor produtivo, a Assembleia Legislativa terá de cumprir os prazos do regime de urgência para votar o projeto que altera o licenciamento ambiental. Nesta semana, os embates serão por conta da exclusão da Polícia Militar Ambiental do Sistema de Meio Ambiente (Sisema). Só os policiais podem conter predadores ambientais, que, em muitos casos, preferem estimular o carvão clandestino de matas nativas do que gastar em energia elétrica, entre outras ocorrências de multas pesadas.
Banco do Brasil resiste
O Banco do Brasil ainda tenta bloquear os recursos dos depósitos judiciais com base em liminar do STF, que suspendeu lei mineira, dada um dia após a transferência do dinheiro ao governo mineiro.
 

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