segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Baixa adesão alivia o governo

Cautela

Ordem no Palácio do Planalto, no entanto, é não comemorar alcance menor dos protestos deste domingo


PUBLICADO EM 14/12/15 - 04h00- O Tempo
Brasília. O Planalto respirou aliviado neste domingo, quando os balanços dos protestos contra a presidente Dilma Rousseff indicavam baixa presença de manifestantes nas ruas. Nas primeiras análises, a presidente e seus auxiliares mais próximos adotaram, no entanto, uma postura de cautela, segundo assessores do governo. Embora fosse nítido que os organizadores dos protestos não conseguiram repetir o feito das manifestações anteriores, o Planalto avaliou que o dia deste domingo não poderia ser usado como único termômetro para a situação de crise.

A assessoria do governo informou que a presidente Dilma permaneceu durante todo o domingo no Palácio da Alvorada, sem receber visitas. O esquema de segurança da Presidência não precisou de reforço. As vias de acesso à residência oficial tiveram um dia típico de domingo, com pouco trânsito e turistas em suas margens. A poucos quilômetros dali, na Esplanada dos Ministérios, local de manifestações na capital, os organizadores do protesto conseguiram reunir 7.000 pessoas, na estimativa da PM do Distrito Federal.

Nas análises repassadas à presidente por telefone, auxiliares do governo registraram que ela não foi poupada dos protestos, mas nenhuma outra figura foi cortejada pelos manifestantes. Também houve protestos contra o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que na semana passada ensaiou uma ruptura com o governo por meio de uma carta de queixas, e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Manifestantes pediram a saída dos dois.

Durante os protestos, os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social) trocaram impressões sobre os atos. “As manifestações são normais em um regime democrático”, disse Edinho. “Tudo dentro da normalidade em um país democrático, que respeita a legalidade, que respeita as instituições, um Brasil que estamos construindo com muita dedicação democrática”, disse Edinho, após a conversa por telefone com Wagner.

O governo avalia que terá o período de fim de ano para conseguir esfriar o clima de tensão política, com as festas de Natal e Réveillon e o Carnaval. Pelo menos até março não estão previstas grandes manifestações. É o tempo que o Planalto considera fundamental para reavaliar estratégias políticas e ganhar força na opinião pública.

Para auxiliares da presidente, a tese do impeachment, emplacada pela oposição na última semana, não chegou à sociedade. Nessa análise, o governo ainda tem espaço para disputar a opinião pública. A meta é intensificar, nas próximas semanas, iniciativas de “esclarecimento” à população de que essa tese é política e não jurídica. Ministros defendem campanhas para ressaltar que fomentadores do impeachment, como Eduardo Cunha, estão atolados em denúncias de corrupção.
Contas
TSE.
O ministro Gilmar Mendes incluiu na pauta desta terça do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recurso proposto pela defesa de Dilma contra decisão de investigar as contas de campanha em 2014.
‘Ei, ei, abaixo o preço do Whey’, gritaram marombeiros em SP

São Paulo
. No início da manifestação no vão livre do Masp, na avenida Paulista, neste domingo, a maior concentração de gente não era nem do Movimento Brasil Livre (MBL) ou do Vem pra Rua, grupos que lideram os atos pró-impeachment, mas sim do 3º Encontro de Marombas, que reuniu adeptos da musculação.

A reunião de fortões foi organizada pelo atleta fitness Tiago Toguro. “Faz três meses que marcamos o encontro, e decidi fazer uma camiseta especial para nos diferenciar do pessoal da política”, contou Toguro.

Quando os manifestantes pró-impeachment ainda começavam a chegar, no início da tarde, o atleta ironizou a Paulista ainda sem muita gente. “Nós enchemos o Masp é de maromba”, afirmou.

Depois, os marombeiros seguiram pela avenida e, em frente ao carro de som do grupo anti-Dilma Revoltados Online, puxaram um coro de “ei, ei, ei, abaixo o preço do whey”, referência ao suplemento alimentar whey protein.

Deputado-delegado simula prisão de Lula em protesto

Belém
. O deputado federal Eder Mauro (PSD-PA), que também é delegado de polícia licenciado, chamou a atenção dos cerca de 6.000 manifestantes – segundo a Polícia Militar, 1.200 – ao simular a prisão do ex-presidente Lula, algemando-o, durante o protesto pró-impeachment da presidente Dilma Roussef, realizado neste domingo pelas ruas centrais da capital paraense.

Em frente ao Teatro da Paz, na praça da República, um grupo de 80 manifestantes ligados ao PT e a partidos de esquerda gritou palavras de ordem contra o deputado, chamando-o de “fascista”.

A Polícia Militar formou um cordão de isolamento entre os grupos pró e contra o impeachment, evitando que houvesse confronto físico. “Tem que tirar esses corruptos do poder, porque ninguém aguenta mais essa gente”, disse o estudante Jairo Soares, 22 anos, que defende não apenas a saída de Dilma, como a do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “É tudo farinha do mesmo saco, eles só têm feito mal ao Brasil”, concordou a professora Helena Harmont, 38.

O professor de Economia da Universidade Federal do Pará (Ufpa) Gilson Costa afirmou que o atual governo “não representa a classe trabalhadora e os pobres das regiões Norte e Nordeste”.
Empate de hashtags

São Paulo.
 A opinião dos usuários do Twitter em relação às manifestações deste domingo ficou dividida entre favoráveis e contrários ao impeachment de Dilma. Entre as duas hashtags mais utilizadas até as 16h30, houve empate técnico entre #naovaitergolpe, usada 43.393 vezes, e #vemprarua, registrada 43.994 vezes pelo sistema de métricas Bites. Entre as três notícias mais compartilhadas do dia no Facebook, Linkedin e Twitter, apenas uma fazia menção aos atos.

Nenhum comentário: