Só para lembrar: aquele que o procurador-geral de Dilma quer derrubar é investigado em três inquéritos; Renan, o esbirro da presidente, em seis
O
governo só não soltou nesta quinta todos os rojões de que dispunha
porque o ministro Teori Zavascki, relator do petrolão, decidiu deixar
para fevereiro, depois do recesso, a análise e votação da ação cautelar
proposta por Rodrigo Janot, o procurador-geral de Dilma, que pede o
afastamento imediato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Talvez não
seja necessário destacar, mas vá lá. Com o que se sabe, já formei minha
opinião sobre Cunha: acho que ele tem de ter o mandato cassado — por
causa da existência das contas no exterior. Se levou a propina que o MPF
diz que ele levou, tem de ser preso. Posto isso, sigamos.
A Ação
Cautelar proposta por Janot é coisa de quem está fazendo política, não
operando leis. Aqueles 11 motivos que ele elenca para fazer o pedido
estavam dados havia muito tempo. Se são fortes o bastante para provocar o
afastamento agora, já eram antes.
Aliás, se há
mesmo as 11 razões, por que Janot não tomou a iniciativa quando havia
apenas três? Ou quatro? Ou cinco? Alguém leva a sério que a suposta
perseguição de Cunha a Chico Alencar e Jean Wyllys deva ser um dos
motivos para afastar o presidente da Câmara?
Ou, então, o
fato de um aliado do presidente da Casa ter apresentado um projeto para
impedir que delatores mudem suas respectivas versões? Segundo Janot,
isso seria uma forma de obstruir a investigação. Segundo qualquer pessoa
razoável, isso é apenas uma tolice e uma chicana.
Já a suposta
perseguição a Fausto Pinato, ex-relator do Conselho de Ética, essa é
coisa séria. Mas pergunto: isso está sendo investigado, como tem de ser,
pela Polícia Federal ao menos?
Janot diga o
que disser, e nada muda o fato de que ele decidiu pedir o afastamento
do presidente da Câmara no mesmo dia em que as esquerdas cobravam a
cabeça deste nas ruas e em que o Supremo dava início ao julgamento de
ações que, inclusive, arguiam a suspeição de Cunha como simples
recebedor da denúncia.
O deputado
disse nesta quinta que Janot atua como advogado de Dilma. Bem, não é
porque penso que o peemedebista tem de ser cassado e, eventualmente
preso, que vou deixar de dizer o óbvio: também acho.
Procurem em
arquivo o que tenho escrito aqui desde o início dessa operação. Para
mim, sempre foi de uma clareza solar que o rigor do Ministério Público
com uns significa, na prática, leniência com outros. Lula, até agora,
não é investigado nem em inquérito. E Janot fez de Cunha o alvo
principal da Lava Jato, o que é uma piada grotesca.
O fato de eu
achar que Cunha tem de ser punido, de acordo com o devido processo
legal, não vai me levar a fazer o jogo de pessoas cuja atuação é ainda
mais deletéria para a República.
Ninguém é obrigado a fazer essa escolha.
Só
para arrematar: o Cunha que Janot tentou tirar da Câmara antes ainda de
Dilma arrotar o peru de Natal é investigado em três inquéritos. O Renan
que almoçou com Dilma nesta quinta e a quem ela pediu ajuda é
investigado em seis.
Os de Cunha avançaram com a velocidade conhecida. Os de Renan também.
Por isso, não há nada de errado em chamar Janot de procurador-geral de Dilma Rousseff.
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