domingo, 24 de janeiro de 2016

Carnaval: Crise é prato cheio para sátiras

Momento recheado de escândalos na política serve de inspiração para compositores de marchinhas

RJ/CARNAVAL FOLIA E LUTA
Crítica com humor. Entre os alvos das brincadeiras dos foliões estão os políticos investigados pela Lava Jato, como Eduardo Cunha
PUBLICADO EM 24/01/16 - 04h00
“Estava errado, devia ter ficado na minha. Nunca iria dar certo, ela petralha e eu, coxinha”. Mais do que uma história de amor frustrada, essa é uma das marchinhas que podem estar na boca do povo nesse Carnaval. Depois de mais um ano político movimentado, em 2015, com pedido de impeachment da presidente, senador em exercício preso, presidente da Câmara dos Deputados no alvo de graves denúncias e ex-governador de Minas condenado a 20 anos de prisão, não tem faltado enredo para sátiras na folia.

“Se por um lado a maioria das notícias são ruins, a gente acabou tendo muito enredo para marchinhas por causa desse inferno astral”, brinca o advogado Thiago de Souza, 36, que já compôs temas para as escolas de samba como Mangueira, no Rio, e Casa Verde, em São Paulo.
Souza também escreveu a letra e gravou, com o grupo Marcheiros, aquele que promete ser o grande sucesso do Carnaval 2016 em termos de canções de cunho político: “O Japonês da Federal”, numa brincadeira em referência ao policial federal Newton Ishii, que sempre aparece escoltando os presos da operação Lava Jato.

Neste ano, em Belo Horizonte, as marchinhas satíricas também são a aposta dos compositores que participam do tradicional concurso Mestre Jonas. Dos 15 finalistas, dez têm críticas políticas. “Sempre temos marchinhas de cunho político inscritas. Foi nesse contexto de reivindicações e críticas sociais que o movimento do Carnaval ressurgiu forte em BH, bem como o concurso”, explica Brisa Marques, uma das organizadoras da competição.

Entre as músicas pré-selecionadas, estão a que comenta a hostilidade recente sofrida pelo compositor Chico Buarque após defesa do governo, críticas ao vazamento de rejeitos de minério da Samarco e também ao escândalo de corrupção contra a Petrobras.

Protesto. “A marchinha é uma boa forma de protesto porque expõe o ridículo dos absurdos que temos que lidar no âmbito da política e dá voz, de uma forma bem humorada, ao que as pessoas estão pensando. É aquela velha estratégia de rir pra não chorar”, avalia a cientista social e compositora Nathalia Duarte, 25, autora da marchinha “Se Aumentar, Ninguém Aguenta”. Gravada pelo coletivo Tarifa Zero, a música critica o aumento do preço das passagens de ônibus em Belo Horizonte. Está entre as finalistas.

Outra criada neste ano é a marchinha “Prefeito, Libera o Cooler”, que teve forte influência na decisão da prefeitura de derrubar o decreto que proibia o uso de isopor, coolers e churrasqueiras nas ruas e carros de Belo Horizonte, algo já previsto no Código de Posturas. A polêmica foi criada principalmente pela publicação do decreto bem às vésperas do Carnaval. Depois da edição da marchinha e de um “isoporzaço” na praça da Estação, a prefeitura voltou atrás e revogou o decreto. Já a marchinha, está na boca do povo. 
História
Rei.
 Desde as décadas de 20 e 30 as marchinhas trazem sátiras políticas, como a música “Rei”, de Lamartine Babo, que criticava o presidente Getúlio Vargas e outras autoridades da política.
Políticos querem ‘fugir’ da folia

Enquanto alguns políticos e empresários envolvidos em corrupção vão passar o Carnaval 2016 na cadeia – casos como o do senador Delcídio do Amaral (PT), do empresário Marcelo Odebrecht e do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, presos no âmbito da operação Lava Jato – outros preferem ficar longe dos holofotes e, de preferência, mais distantes ainda do noticiário de escândalos.

Depois de decidir cancelar o camarote do governo do Estado na Marquês de Sapucaí, no Rio, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), vai passar o Carnaval em um spa fora da capital.

Já o prefeito da capital mineira, Marcio Lacerda (PSB), citado em pelo menos três marchinhas, ainda não definiu sua agenda, de acordo com assessores. No ano passado, ele assistiu ao desfile das escolas de samba na avenida Afonso Pena.

A presidente da República, Dilma Rousseff (PT), outra figura muito criticada nas músicas, ainda não tem destino definido. A petista costuma passar o feriado na Base Naval de Aratu, na Bahia, com a família, mas poderá seguir para Porto Alegre, onde vive sua filha única, Paula, que acabou de dar à luz seu segundo filho.

O presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), outro alvo das marchinhas e dos escândalos, não tem compromissos definidos. Por enquanto, ele se dedica à elaboração da sua defesa ao pedido de afastamento do cargo feito pela Procuradoria Geral da República (PGR). 
Segue abaixo as marchinhas do Concurso Mestre Jonas

- Anterior
- Eu Rio
- Marchinha da Proibição
- Minério não se Bebe
- Movido a Pixuleco
- Não enche o saco do Chico
- Olé Brasil
- Prefeito, libera o cooler
- Se aumentar, ninguém aguenta
- Super coxa
http://www.otempo.com.br/divers%C3%A3o/concurso-de-marchinhas-mestre-jonas-divulga-m%C3%BAsicas-pr%C3%A9-selecionadas-1.1214925
Japonês da Federal: https://youtu.be/ylud9uuanpc


Não enche o saco do Chico: https://youtu.be/NZXuew__LyQ



Dilmarchinhas: https://youtu.be/9CXNAmVkkNk



Frevo do Cunha (Continha na Suíça): http://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/eduardo-cunha-ganha-frevo-para-o-carnaval-2016.html

Ela Petralha e Eu Coxinha: https://youtu.be/ERzxrtnO5BE


Bônus:
Guarde Bem Sua Cartinha:
https://youtu.be/F5Ia7jMdXt0

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