quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Gasolina vai passar de R$ 4 em postos de BH

 Fonte: Jornal Estado de Minas - 06/01/2016

 

Aumento de imposto leva revendas a subir preço do combustível no início do ano e previsão é que novos reajustes ocorram em função do salário mínimo e da elevação de taxa do Ibama

Mal começou o ano e já foi dada a partida para novos aumentos dos preços dos combustíveis. E motoristas em Belo Horizonte podem pagar, ainda este ano, R$ 4 pelo litro da gasolina. Desde 1º de janeiro, entrou em vigor o novo valor usado como referência para cobrança do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da gasolina comum, premium, diesel e do etanol, reajustado pelo governo. Com isso, postos visitados pelo Estado de Minas aumentaram em R$ 0,05 o valor cobrado na bomba tanto para a gasolina quanto para o álcool. Os donos das revendas garantem que a alta do início do ano é só o começo e calculam que com o novo salário mínimo e o aumento de cerca de 150% na taxa de fiscalização cobrada nos postos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a tendência são condutores desembolsarem, em pouco tempo, R$ 4 para abastecer na capital mineira.

Somente no ano passado, entre janeiro a novembro, o preço do combustível aumentou três vezes e ficou 21% mais caro para o consumidor em relação a 2014. Ontem, no posto Xuá, no Bairro Santa Lúcia, na Região Centro-Sul, o litro da gasolina custava R$ 3,999 e, de acordo com o dono, Thomás Lisita Filho, ainda não foi repassada a alta do ICMS em vigor desde segunda-feira para a bomba. “Não tenho como fazer esse repasse e a gasolina a este preço é reflexo dos meus custos. O meu posto funciona 24 horas, minha conta de luz veio R$ 8 mil, somente de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) foi R$ 32 mil”, justifica, dizendo que a situação dos donos das revendas é ter mais despesas do que lucro.

A cada 15 dias, o governo estadual publica resultado da pesquisa do preço médio dos combustíveis cobrado em Minas. Esse valor é considerado base para recolhimento do ICMS, e, para este início de janeiro, a média foi de R$ 3,7845, contra R$ 3,6601 valido até o último dia do ano passado. É sobre esse valor de referência que é cobrado um percentual de 29% de ICMS. Com isso, o valor do imposto passou de R$ 1,0614 para R$ 1,09 por litro de gasolina para os empresários independentemente do preço cobrado por eles para combustível em suas revendas.

“É mais uma alta para nós e para os consumidores. E como temos um mercado com margens pequenas, a tendência é esse reajuste chegar até a bomba”, comenta o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Carlos Guimarães, que acrescenta que os preços dos combustíveis são livres e que cabe a cada empresário definir se vai ou não repassar o reajuste. Nos postos da Via Expressa a concorrência levou os donos a não reajustarem os valores nas bombas, em média de R$ 3,47.

Na Região Centro-Sul, a maioria dos postos fez o repasse de cerca de R$ 0,5por litro no preço da gasolina. No Posto Mangabeiras, no bairro homônimo, o valor da gasolina passou de R$ 3,79 para R$ 3,84. “Aumentamos por causa do imposto, mas estamos em um mercado em crise e o preço justo seria mesmo de R$ 3,99. Estamos com despesas altas. Acabamos de pagar o 13 º dos funcionários e o salário mínimo aumentou 11, 6%”, comenta Matheus Testa Saab, dono do estabelecimento.

NOVA ALTA A previsão dos empresários é de que, em fevereiro, haja um novo aumento. Isso porque, conforme explica Carlos Piazza, gerente do posto W. Piazza, no Bairro Serra, há o reajuste no salário dos frentistas, que ganham acima do salário mínimo e recebem adicional de periculosidade, e o patronal tem que pagar o retroativo. Além disso, ele mostra que a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA), cobrada pelo Ibama aumentou em 157% em seu posto. “É uma taxa trimestral, cujo valor varia de acordo com o perfil de cada revenda. Aqui pagava R$ 450 até o terceiro trimestre do ano passado e passei a pagar R$ 1,5 mil”, destaca.

No posto W. Piazza, a gasolina passou de R$ 3,74 para R$ 3,79. “Com os nossos custos não tem como não aumentar o preço na bomba, quem consegue pôr um preço baixo está tendo prejuízos. Aqui, aceitamos cartão e pago de R$ 0,15 a R$ 20 para cada litro que vendo. No mês de janeiro continuam as despesas, mas o movimento cai, por isso, não tem como não repassar”, defende, destacando que o valor do litro da gasolina a R$ 4 seria o mais viável para o equilíbrio nas contas.
O aumento desta semana pegou condutores de surpresa. Alisson Daulin, motorista particular, não conseguiu encher o tanque da BMW. “Até na semana passada, pagava R$ 200 e enchia. Hoje (ontem), não deu. Tive que pagar R$ 201 e, mesmo assim, não encheu o tanque”, lamentou. Alisson abasteceu no Posto Mangabeiras, onde a gasolina passou a custar R$ 3,84. “Não sei onde esse valor vai chegar.”

INFLAÇÃO
A cobrança do ICMS já pode impactar no índice da inflação de Belo Horizonte. Conforme comenta a coordenadora de pesquisas do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), Thaíze Vieira Martins Moreira, a gasolina é um componente do índice geral da inflação. “No último aumento que teve do combustível, em novembro, com alta de 2,62%, esse foi o terceiro item que mais contribuiu para a inflação do mês. Em nossas pesquisas, no acumulado do ano, de janeiro a novembro, a gasolina ficou em quinto lugar entre os itens que mais contribuiriam para a inflação de 10, 71% em BH”, compara.

Thaíze lembra que, durante o ano de 2015, consumidores sentiram por três vezes a alta na bomba, sendo que a primeira veio em fevereiro, com um reajuste de 11,23% no preço da gasolina, em outubro com alta de 6,5%, e em novembro com aumento de 2,62%. “No acumulado do ano de janeiro a novembro de 2015, tivemos um acréscimo de 21,04% no preço das bombas em relação ao mesmo período do ano passado”, ressalta.

Enquanto isso...
...preço do etanol registra variação


Os preços do etanol hidratado nos postos brasileiros caíram em sete estados, subiram em outros 15 e ficaram estáveis em mais quatro e no Distrito Federal na semana encerrada no sábado. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No período de um mês, os preços subiram em 23 Estados, caíram em três e não se alteraram no Amapá. Em São Paulo, principal estado produtor e consumidor, a cotação caiu 0,27% na semana, para R$ 2,551 o litro. No período de um mês, acumula valorização de 0,47%. Na semana, a maior alta ocorreu no Piauí (+1,19%) e o maior recuo, no Amazonas (-0,99%). No mês, o etanol subiu mais em Roraima (10,29%) e caiu mais em Goiás (-1,38%).No Brasil, o preço mínimo registrado para o etanol foi de R$ 2,179 o litro, em São Paulo, e o máximo foi de R$ 3,79 o litro, no Acre. Na média, o menor preço foi de R$ 2,551 o litro, em São Paulo. O maior preço médio foi verificado em Roraima, de R$ 3,643 o litro

 

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