quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Minas: Mobilização contra o governo. Servidores do Estado criam frente de reação devido a atrasos de salários e ameaça de parcelamento


CSCS
Mobilização. Reunião ontem contou com representantes de várias categorias de servidores públicos
PUBLICADO EM 06/01/16 - 04h00
Em resposta à possibilidade de atraso no pagamento dos salários de dezembro (a ser quitado neste mês) e de janeiro (a ser pago em fevereiro) e da ameaça do governo de Minas de parcelar os vencimentos a partir de março, funcionários públicos do Estado criaram ontem o Gabinete Integrado dos Servidores Públicos Estaduais. A ideia do grupo é unir forças para a realização de mobilizações, caso o governo não recue desta posição. Integrantes da frente não descartaram, inclusive, uma paralisação geral.
Como O TEMPO vem mostrando desde o último dia 3, o governo de Minas passa por dificuldades financeiras, gerando problemas para que o Estado quite os vencimentos dos 632,2 mil servidores ativos e inativos. A dificuldade foi admitida inclusive pelo secretário de Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães.
Ontem, cerca de 50 representantes da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra), da Associação dos Servidores do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar de Minas Gerais (Ascobom) e do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária de Minas Gerais (Sindasp), que compõem a frente, se reuniram pela primeira vez na sede do Centro Social de Cabos e Soldados da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militares de Minas Gerais (CSCS), no bairro Nova Gameleira, na região Oeste da capital.
“Não podemos pagar uma conta que não é nossa. Criamos essa frente para não sermos pegos de surpresa. E isso não diz respeito somente aos servidores da segurança pública, mas a todos os outros do Estado. Por isso, estamos convocando também todas as categorias para que haja uma mobilização geral”, afirmou o presidente do CSCS, Álvaro Coelho.
Na reunião de ontem também estiveram presentes, mesmo que sem representação oficial, membros dos Sindicatos Únicos dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde) e da Educação (Sind-UTE) de Minas Gerais. O vice-presidente da Ascobom, sargento Salvino Ferreira, diz que o sentimento é de preocupação. “Não podemos carregar o ônus das despesas que o Estado acumulou. Temos família, temos contas a pagar, e elas não são parceladas”, reclamou.
Greve. O presidente do CSCS não descarta a possibilidade de uma paralisação geral em Minas e de manifestações, ainda que em ano eleitoral. “Se houver uma ação radical por parte do governo, iremos responder também com uma reação radical”, ameaçou.
A próxima reunião do Gabinete Integrado está prevista para o dia 13, na sede da Aspra, no bairro Santa Efigênia, na região Centro-Sul da capital. Os encontros, conforme os integrantes do grupo, deverão ocorrer semanalmente ou à medida em que surgirem mobilizações.
Outro lado
Resposta. A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão informou que o parcelamento do salário ainda não é certo, e que desconhece a formação da frente de mobilização dos servidores estaduais.


Sindicatos querem reunião com governo


Apesar de os sindicatos e associações de outras categorias que não são da segurança pública ainda não oficializarem a entrada no Gabinete Integrado dos Servidores Públicos Estaduais, a possibilidade não é descartada pelos grupos. Ontem, os sindicatos estaduais da Saúde, da Educação e dos Fiscais da Receita Estadual redigiram, em conjunto, uma carta ao governo estadual exigindo diálogo, pagamento no dia correto e repudiando a possibilidade de parcelamento dos salários.

“Estamos pedindo uma reunião com o governador em caráter emergencial, para saber o que está acontecendo, porque, até então, nada nos foi falado. O que sabemos foi informado pela imprensa, já que o comunicado chegou aos jornais antes mesmo de passar pelos servidores”, explicou a presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Saúde (Sind-Saúde), Maria Lúcia Barcelos. 

O diretor do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), Paulo Henrique Fonseca, lembrou que a mobilização conjunta já acontece. “De uma forma ou de outra, toda entidade representativa está unida. Se o Estado não voltar atrás nessas medidas, isso acarretará uma resposta de todos os trabalhadores”. 

Os sindicalistas ainda informaram que pleitos antigos das categorias, como plano de carreira e reajuste salarial, continuam na pauta. 

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