domingo, 17 de janeiro de 2016

Pimentel vai fazer escolha de Sofia com a segunda reforma


Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br
   

17/01/2016

Quando fez a primeira reforma administrativa, também seu primeiro projeto enviado à Assembleia Legislativa no início da gestão (2015), era tudo mais fácil. Havia a quem responsabilizar pela herança recebida e havia aliados a serem recompensados. Por isso, o governador Fernando Pimentel (PT) criou sem culpa quatro secretarias e um punhado de cargos comissionados. Exatamente, um ano depois, terá que rever seus conceitos e o tamanho da máquina administrativa, até porque fez concessões ao funcionalismo estadual, especialmente ao professorado, sem a respectiva contrapartida financeira.


Foi feita uma aposta no jeito petista de governar, mas o crescimento econômico não veio; ao contrário. Sem receita, a saída é reduzir as despesas, cortando na carne, mas de quem? Os mesmos aliados que foram alvo da primeira deverão ser o da segunda reforma. Quem sairá perdendo? Vai sobrar para a base. Ninguém imagina que o PMDB de Adalclever Lopes (presidente da Assembleia Legislativa), principal parceiro, será sacrificado.


Por enquanto, as mudanças estão sendo gestadas nos laboratórios técnicos do governo, mas será uma chiadeira só quando começarem a tramitar pelos corredores da Assembleia. Uma coisa é apontar os cortes, outra, é executá-los. Gerenciar a gritaria exigirá competência política para fazer a escolha de Sofia, como ficou conhecido o drama daquela mãe que foi obrigada a apontar qual filho deveria morrer primeiro.


Guardadas as devidas proporções, governar é assim mesmo e não há como agradar a todos, porque o enxugamento terá que ser feito. Politicamente, alguém sairá perdendo. Nessa hora, aliados de primeira hora, até mesmo petistas, ficarão pelo caminho junto com os ressentimentos. 2016 será o ano da travessia, e Pimentel terá que mostrar competência para chegar a dezembro e fechar as contas.
Tal é a dificuldade em fazer cortes, que, agora, estão sendo impostos ante a resistência das perdas, por isso ficaram por último. Antes, tudo foi tentado, aumentos de impostos (ICMS) em cerca de 200 produtos, até mesmo na luz (do comércio), fim das isenções tributárias; uso dos depósitos judiciais (R$ 5 bilhões), renegociação da dívida ativa e redução do custo da dívida junto à União.


Com a economia de cerca de R$ 1 bilhão com a nova reforma, mais a de outras medidas, o Estado poderá recuperar a capacidade de endividamento e contrair novos empréstimos. Enfim, a situação de Minas, perante outros estados, não é das piores, como, por exemplo, a do Rio Grande do Sul. São Paulo, o mais rico do país, cortou, na sexta-feira (15), R$ 6,9 bilhões do orçamento para este ano, valores semelhantes ao do ano passado, e não atrasará salários. Muito provavelmente, a experiência gaúcha oferecerá lições para que Minas também saia do aperto financeiro.


Não tenho nada com isso
As operadoras de telefonia, internet e TV por assinatura estão divulgando “comunicado importante” a seus clientes, informando-os sobre os aumentos nas alíquotas do ICMS em seus serviços. E avisam que o reajuste “é integralmente repassado ao Estado, sem que as operadoras tenham qualquer tipo de benefício financeiro”. O aumento no setor foi de 25% para 27%.

Nenhum comentário: