quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Policiais ameaçam fazer greve se houver corte em Previdência - Insatisfação é com anúncio do governo de que vai reduzir contribuição patronal por causa de crise

Segurança

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Anúncio. Governador e secretários anunciaram cortes nos gastos do Estado na última segunda-feira; segurança perderá R$ 360 milhões

PUBLICADO EM 25/02/16 - 03h00


O corte de R$ 360 milhões no orçamento da segurança pública feito pelo governo de Minas pode desencadear a primeira greve da Polícia Militar depois de 19 anos. A insatisfação da categoria ocorre porque praticamente todo o valor contingenciado vai ser retirado do Instituto de Previdência do Servidores Militares de Minas Gerais (IPSM). O governo argumenta que a decisão foi tomada para que a redução nos gastos não impactasse os serviços prestados ao cidadão. O Estado justifica ainda que o fundo é superavitário, arrecada mais do que gasta.

Nesta quarta, representantes de praças e oficiais militares se reuniram com o comandante geral da PM, coronel Marco Antônio Bianchini. Antes do encontro, o coronel divulgou uma nota para a tropa manifestando sua insatisfação com o anúncio de redução na contribuição do Executivo. “Entendemos que haveria corte no custeio do Estado, mas o IPSM é nosso, e não admitimos qualquer tipo de gestão que venha a colocá-lo em risco. Ele é nosso patrimônio. A nossa saúde e a saúde de nossas famílias não são negociáveis”, diz o texto.

O presidente da Associação dos Praças e Bombeiros Militares (Aspra-MG), sargento Marco Antônio Bahia, afirmou que só há dois caminhos: o governo recua na decisão ou a polícia começará uma paralisação por tempo indeterminado. “Isso é um tapa na cara da PM. Vamos até as últimas consequências. Se o governo não quiser rever esse posicionamento, não há outra saída que não seja a paralisação”, afirma.

A greve pode começar no próximo dia 2, data em que já estava marcada uma reunião dos militares para discutir o parcelamento dos salários. “O governador Fernando Pimentel (PT) parece ter escolhido a PM como sua inimiga. Já fomos afetados pelo parcelamento, fomos excluídos do auxílio-alimentação e agora o governador ataca nossa saúde. São os recursos do IPSM que garantem o funcionamento dos hospitais que atendem os militares. Como eles não podem deixar de pagar as aposentadorias e as pensões, o que será afetado são os insumos e investimentos para esses hospitais”, lamenta Bahia.

A decisão irrita também os oficiais da categoria. O coronel Alberto Luiz, diretor da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, afirma que esse é o momento de maior tensão entre os militares desde a greve de 1997. “Naquela época, vimos baixos salários, abuso do poder de oficiais e péssimas condições de trabalho culminarem naquela guerra. Vimos o que é uma medida inflexível. Agora o Estado está construindo uma nova motivação e uma outra circunstância. Não podemos brincar com essas coisas que são garantias. Quando se tensiona demais, um lado pode arrebentar”, analisa. Ele reclama ainda que falta diálogo entre o governador e o comando da Polícia Militar.

Diálogo. Com a reportagem, Bianchini adotou uma tom mais ameno do que o do comunicado. “Preciso entender melhor qual vai ser o impacto desses cortes. Tenho uma reunião com o secretário de Planejamento, Helvécio Magalhães, no dia 2. Só depois posso me posicionar”.

Durante o anúncio na segunda, Magalhães destacou que o corte no IPSM vai impedir que o contingenciamento afete áreas operacionais. “Não tem nenhum centavo contingenciado de munição, armamento, colete, combustível, muito pelo contrário”, afirmou.
Instituto

História
. A Previdência dos militares foi criada em 1911 por um grupo de sargentos da cavalaria para ajudar a mulher de um colega morto em serviço. O IPSM é um instituto autônomo.

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