OAS
. Imóveis de ex-presidente e pagamentos a caixa 2 do partido estariam entre as revelações de Pinheiro
Envolvimento. Léo Pinheiro, ex-presidente e sócio da empreiteira OAS, prestou depoimento à CPI da Petrobras no ano passado
PUBLICADO EM 03/03/16 - 03h00- O Tempo
Curitiba. O
empresário José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, dono da OAS,
admitiu a pessoas próximas fechar um acordo de delação premiada com
investigadores da Procuradoria Geral da República (PGR) responsáveis
pela operação Lava Jato. Um dos empresários mais próximos do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele deve contar, numa eventual
colaboração, detalhes sobre o esquema de corrupção na Petrobras e sobre
obras feitas pela empreiteira em imóveis de Atibaia e do Guarujá para a
família do petista.
Segundo o jornal “O Estado de S.Paulo”, o
acordo com investigadores ainda não foi formalizado, mas voltou ao radar
do empresário depois que o Supremo Tribunal Federal (STF), num novo
entendimento, autorizou a execução de prisões após a confirmação de
sentenças em segunda instância – antes, isso ocorria após o trânsito em
julgado, com o esgotamento de todos os recursos da defesa.
Outro fator levado em consideração foi a
apreensão, pela Polícia Federal, de mensagens de celular trocadas por
Léo Pinheiro com outros executivos e dezenas de políticos. A avaliação é
de que o material pode comprometê-lo ainda mais, fundamentando novo
decreto de prisão.
“Bombástico”. Léo Pinheiro já foi condenado a
16 anos e quatro meses de prisão por envolvimento no esquema de
corrupção na Petrobras e aguarda decisão do Tribunal Regional Federal da
4ª Região (TRF-4).
O empresário foi preso preventivamente em
novembro de 2014. Pinheiro chegou a cogitar delação premiada, mas foi
solto no ano passado, por ordem do STF, sem concretizar a colaboração, o
que voltou a avaliar.
A negociação está sendo feita com a PGR, e
não com a força-tarefa de procuradores federais de Curitiba, por
envolver parlamentares com foro privilegiado. De acordo com a “Folha de
S.Paulo”, a expectativa dos investigadores é que será a delação mais
bombástica da Lava Jato, que já soma 40 colaboradores.
Ele deve dizer que a OAS preparou o
apartamento do Guarujá para Marisa, mulher de Lula, e que,
posteriormente, ela não quis ficar com o imóvel. Ele também deve
confirmar que a empresa bancou parte das reformas no sítio em Atibaia.
Ainda segundo a “Folha”, Pinheiro contará
que pagou dívidas da campanha de Dilma Rousseff de 2010 para a agência
Pepper, que cuidava da imagem de Dilma nas redes sociais – e recebeu R$
717 mil da OAS.
Anteontem, foi revelado que outra
empreiteira, a Andrade Gutierrez, relatou, em delação, ter pago cerca de
R$ 6 milhões à Pepper, também em 2010, por meio de caixa 2. A agência
nega.
Mais delações
OAS. Outros executivos da
empreiteira, como Agenor Franklin Magalhães Medeiros, também vão
participar do acordo, relatando casos de corrupção. A informação é do
jornal “Folha de S. Paulo”
Caso Delcídio
Relator .
O Conselho de Ética do Senado sorteou ontem o senador Telmário Mota
(PDT-RR), vice-líder do governo, como relator do processo de cassação
contra Delcídio do Amaral (PT-MS).
Prisão. Delcídio
passou mais de 80 dias preso após ser flagrado em gravação oferecendo
R$ 50 mil por mês e um plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras,
Nestor Cerveró, não fechar acordo de delação premiada com o MP para a
Lava Jato.
João Vaccari fica em silêncio em audiência sobre triplex
João Vaccari fica em silêncio em audiência sobre triplex
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto
recusou-se ontem a responder perguntas do promotor de Justiça Cássio
Conserino, que investiga o ex-presidente Lula e o triplex no Condomínio
Solaris, em Guarujá, litoral paulista. “Vou exercer o direito ao
silêncio”, repetiu várias vezes Vaccari Neto.
Preso na operação Lava Jato desde abril de
2015, o ex-tesoureiro já foi condenado em uma ação penal por corrupção e
lavagem de dinheiro. Ele aguarda sentença em outro processo criminal em
que é réu por repasse de propinas para o seu próprio partido,
disfarçadas de doação oficial, no montante de R$ 2,4 milhões.
Vaccari presidiu a Cooperativa Habitacional
dos Bancários do Estado de São Paulo (Bancoop) entre 2005 e 2010. A
Bancoop foi a responsável pelo Solaris até que entrou em declínio e
transferiu a obra para a OAS, empreiteira cujo dono, Léo Pinheiro –
também alvo da Lava Jato –, é muito próximo de Lula.
A suspeita de Conserino é que o ex-presidente
seria o verdadeiro proprietário do triplex, o que é negado enfaticamente
pelos advogados do petista. O promotor investiga se a OAS bancou
reforma milionária no imóvel, promovendo adaptações e até instalação de
cozinha de alto padrão para presentear a família de Lula.
O promotor pretendia obter novas informações
no interrogatório de Vaccari, mas o ex-tesoureiro permaneceu em silêncio
durante a audiência, realizada em Curitiba.
O promotor pretende ouvir Lula, a ex-primeira dama Marisa Letícia e o filho do casal Fábio Luiz. Mas a família Lula já avisou, por seus advogados, que não vai à audiência marcada para hoje. Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, defensores do petista, enviaram explicações à Promotoria e ingressaram com pedido de habeas corpus preventivo no Tribunal de Justiça de São Paulo para evitar o risco de uma condução coercitiva.
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