quinta-feira, 17 de março de 2016

Habemus ministro

Editorial
Jornal Hoje em Dia
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17/03/2016

Todos os olhares estavam voltados para o Palácio da Alvorada. Sem vislumbrar as chaminés, os brasileiros aguardavam o sinal de fumaça que viria da reunião entre Dilma e Lula e que apontaria para a indicação, ou não, do ex-presidente para o Ministério da Casa Civil. No fim da manhã tudo ficara acertado. No início da tarde um comunicado oficial informava ao mundo que “habemus ministro”. Não um ministro qualquer, mas sim um homem dotado de superpoderes e com a determinação para enfrentar a artilharia opositora carregada de “kriptonita”. Lógico é que Dilma apressou-se em deixar claro que no Brasil quem manda é ela, mas entre achar que manda e mandar, a distância é quase igual à da Terra ao planeta “Kripton”. Perplexos, muitos brasileiros, até entre os seguidores de Lula, viram-no aceitar o cargo como uma manobra que visa garantir ao velho líder sindical o foro privilegiado. De nada adiantará o discurso de que a escolha vem da competência de Lula para tecer um acordo de equilíbrio de poder que garanta a governabilidade de sua pupila presidente. Isso poderá acontecer, mas a certeza de que nomeado ministro o ex-presidente se esconde da mira direta da Justiça Federal ficará gravada na história política recente do Brasil.
Outra dúvida que paira no ar é sobre que caminhos escolherá o PMDB. Com Lula na articulação política do governo o partido retrocederá na indicação feita a seus filiados para que não aceitem cargos no governo Dilma? Se sim, como ficará a situação, por exemplo, do deputado federal do PMDB-MG, Mauro Lopes, indicado e empossado ministro da Secretaria de Aviação Civil? Lopes garante que sua posse aconteceu antes da decisão da executiva nacional do partido. Setores do PMDB querem a punição dele e isso pode ser o prenúncio de que, para o mineiro, ao menos num curto espaço de tempo, o céu não será de brigadeiro.
Ao fim da tarde uma boa notícia alegrou o tenso ambiente palaciano de Dilma Rousseff. A maioria do plenário do STF decidiu pela manutenção do rito do processo de impeachment da presidente, reiterando decisão anterior de anular a forma adotada pelo “megainvestigado” presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Dessa forma, se acontecer, o afastamento de Dilma terá que ser decidido pelos senadores, que estão desobrigados de acatá-lo mesmo que tenha sido aprovado pela Câmara. E no Senado temos na presidência Renan Calheiros, também investigado e amigo do Planalto. Resta saber se a fumaça indicará: “habemus políticos”.

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