Falência múltipla
Transporte para alunos de zonas rurais e manutenção são comprometidos
PUBLICADO EM 06/04/16 - 03h00
Juiz de Fora, Montes Claros.
As aulas de Kamily Vitória Pereira Neves, 12, começaram no dia 11 de
fevereiro deste ano. Mas a certeza de que ela poderia frequentar a
escola só veio quase um mês depois. É que ela mora no distrito Antônio
Olinto, na zona rural de Montes Claros, e depende do ônibus pago pelo
Estado, que atrasou a licitação. “Eu colocava o uniforme todo dia e
vinha para estrada. Às vezes minha mãe arrumava carona, mas faltei
muitas vezes porque não tinha ônibus”, conta Kamily Vitória. Esse é mais
um reflexo dos orçamentos enxutos sobre a população.
O presidente da associação de moradores de
Parque Verde, Clemente Soares Moreira, disse que o serviço só foi
regularizado no dia 7 de março. “Muitas crianças ficaram sem ir à aula.
Os alunos da prefeitura podiam entrar no ônibus porque o convênio
municipal estava em dia, mas os da rede estadual não podiam usar o
transporte. Se o Estado sabe quando a aula vai começar, tinha que
planejar melhor o contrato, fazer aditivo”, conta.
A Secretaria de Educação do Estado de Minas
Gerais explica que o transporte escolar costuma ser feito de forma
compartilhada entre as prefeituras e o Estado, pelo Programa Estadual de
Transporte Escolar (PTE). Entretanto, explica que a Prefeitura de
Montes Claros, desde 2014, não renovou o convênio. A prefeitura
esclarece que devido a constantes atrasos nos repasses para o pagamento
desse serviço, optou por pagar diretamente os ônibus para os alunos da
rede municipal.
A Secretaria de Educação transferiu para as
escolas a contratação do serviço e disse que até março já haviam sido
licitadas as rotas de 12 escolas do município e que o transporte estava
sendo retomado gradativamente. Ainda segundo a secretaria, as escolas
vão organizar a reposição do conteúdo perdido.
Atrasos como esse são reflexo de um
orçamento mais enxuto e repasses insuficientes. O Fundo de Manutenção da
Educação (Fundeb) para Minas, por exemplo, até subiu 3% de 2014 para
2015. Mas no mesmo período, a inflação subiu três vezes mais (10,6%).
Em Juiz de Fora, a falta de dinheiro fez os
funcionários de uma creche fazerem uma rifa para arcar com reparos do
piso de uma creche. “Um dos maiores problemas é que o prédio da creche
tem mais de 30 anos e não tem manutenção como deveria. No ano passado,
crianças tiveram muito problema respiratório. Aí chamamos a
responsabilidade para nós. Promovemos uma rifa na comunidade e fizemos
uma reforma, trocamos o piso. Levantamos mais de R$ 1.000 e compramos o
material”, conta a assistente administrativo Lucimar Cândido de Souza.
Falta dinheiro até para capinar escolas
Betim. Em Betim, a educação enfrenta sérios problemas da defasagem do piso salarial e falta dinheiro até para capina nas escolas. “As escolas têm recursos a receber, mas eles estão atrasados e a população às vezes nem percebe, porque as escolas resolvem internamente”, conta o coordenador do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação (Sindute-Betim), Luiz Fernando de Souza.
No centro infantil Wilma da Costa Pinto, o mato já estava tão alto que um pai se ofereceu para capinar. “A diretora pagou do bolso dela alguns materiais e ele ficou um dia inteiro capinando”, conta a representante do Sindiute Ilza dos Santos.
A Secretaria Municipal de Educação de Betim informa que não houve redução dos serviços prestados, mas a capina segue um cronograma de atendimento para contemplar todas as instituições de ensino. Até o momento, 51 das 104 escolas já receberam os serviços.
Betim. Em Betim, a educação enfrenta sérios problemas da defasagem do piso salarial e falta dinheiro até para capina nas escolas. “As escolas têm recursos a receber, mas eles estão atrasados e a população às vezes nem percebe, porque as escolas resolvem internamente”, conta o coordenador do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação (Sindute-Betim), Luiz Fernando de Souza.
No centro infantil Wilma da Costa Pinto, o mato já estava tão alto que um pai se ofereceu para capinar. “A diretora pagou do bolso dela alguns materiais e ele ficou um dia inteiro capinando”, conta a representante do Sindiute Ilza dos Santos.
A Secretaria Municipal de Educação de Betim informa que não houve redução dos serviços prestados, mas a capina segue um cronograma de atendimento para contemplar todas as instituições de ensino. Até o momento, 51 das 104 escolas já receberam os serviços.
FOTO: UARLEN VALERIO |
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