segunda-feira, 16 de maio de 2016

Vice-governador de Minas pode ser 'Temer de Pimentel'


Alan Marques - 2.mar.2016/Folhapress
O governador Fernando Pimentel (PT) durante encontro sobre tragédia em Mariana (MG)
O governador Fernando Pimentel (PT) durante encontro sobre tragédia em Mariana (MG)
Ele é ex-deputado federal, bom articulador político e foi alçado ao posto de vice para fiar a aliança PT-PMDB, os dois partidos com mais deputados no Parlamento. No entanto, se fortaleceu à medida que o governante do PT viu seu cargo ameaçado. A descrição, que poderia ser a do presidente interino Michel Temer, é de outro peemedebista –o vice-governador de Minas Gerais, o ruralista Antônio Andrade, 62.
Presidente do PMDB no Estado e ex-ministro da Agricultura no primeiro governo Dilma Rousseff, Andrade pode assumir a gestão caso o governador Fernando Pimentel (PT) vire réu no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O petista foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com a Constituição de Minas Gerais, o governador não pode ficar no cargo caso esteja respondendo na Justiça por crimes comuns.
A defesa do governador argumenta, com base em jurisprudência do STF (Supremo Tribunal Federal), que o STJ só pode aceitar denúncia contra ele com aprovação de maioria de dois terços da Assembleia mineira.
O caso ainda não foi definido, mas a Assembleia Legislativa do Estado tem no PMDB a sua maior bancada –13 de 77 deputados. E os peemedebistas passaram os últimos meses se queixando da relação deles com o governador Pimentel.
Andrade, por sua vez, tem se mantido discreto –sem declarações contrárias à gestão deu seu cabeça de chapa, como fez Temer contra Dilma–, mas participa de todos os eventos em que peemedebistas criticam publicamente a gestão Pimentel.
Quando o partido rompeu com Dilma, o vice-governador estava na primeira fila, junto a outros aliados dos petistas no Estado.
Para tentar frear os ímpetos dos peemedebistas, Pimentel tirou o deputado licenciado Sávio Souza Cruz da pasta de Meio Ambiente e o nomeou para a Saúde, que tem maior orçamento e importância estratégica.
'TONINHO'
Municipalista, Andrade foi prefeito de Vazante, cidade de 20 mil habitantes na divisa com Goiás. É conhecido no Estado como Toninho Andrade, já que seu pai também se chamava Antônio.
Logo depois de ser nomeado ministro de Dilma, em 2013, viajou à cidade que administrou para ser recebido por aliados políticos. O local tem a maior parte do seu patrimônio declarado em 2014 à Justiça Eleitoral: um total de R$ 4,2 milhões, distribuídos entre terras e negócios agropecuários.
Quando foi empossado vice-governador, seu filho, Eduardo Andrade, se tornou diretor da Cemig (estatal de energia) e presidente da Gasmig (estatal de gás), o que foi questionado pela oposição. ele deixou a diretoria neste mês, –o mandato ia até 2018.
'ULTRASSOM E GRAVIDEZ'
Seus aliados dizem que ele está reservado em relação ao possível processo que Pimentel pode enfrentar e não pretende "fazer ultrassom sem ter certeza de que a mulher está grávida" –ou seja, se adiantar em articulações ao possível afastamento.
Politicamente, o partido afirma que não pretende "trair" o governador. Se o caso for para a Assembleia, os deputados dizem que, no momento, pretendem votar pela permanência de Pimentel.
Andrade foi procurado pela reportagem, mas não quis dar entrevista. Nem sua assessoria falou. Sobre a denúncia contra Pimentel, a defesa do governador sempre negou que ele tivesse cometido qualquer irregularidade.

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