quinta-feira, 23 de junho de 2016

Fraude envolvendo o ex-ministro Paulo Bernardo chegou a mais de R$ 100 milhões em cinco anos

Estadão Conteúdo
23/06/2016 - 12h36 - Atualizado 13h28
O ex-ministro Paulo Bernardo e sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann, são alvos da 31ª fase da  Operação 'Lava Jato'.
O ex-ministro Paulo Bernardo e sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann, são alvos da 31ª fase da Operação 'Lava Jato'.
Os desvios apurados pela Operação Custo Brasil chegaram a mais de R$ 100 milhões entre os anos de 2010 e 2015, informou nesta quinta-feira (23), a Polícia Federal, em entrevista coletiva concedida na sede da instituição, em São Paulo, para explicar essa operação.

A fraude ocorreu no âmbito do Ministério do Planejamento por meio do gerenciamento e controle do sistema de crédito consignado para servidores e envolveu o ex-ministro da pasta Paulo Bernardo, preso nesta manhã, bem como pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores (PT).

De acordo com o delegado regional da Polícia Federal em São Paulo, Rodrigo de Campos Costa, a empresa Consist Software foi contratada no final de 2009 para gerenciar o sistema de crédito consignado para servidores públicos federais. "O custo do gerenciamento seria de R$ 0,30 por operação, mas a Consist cobrava cerca de R$ 1,00", explicou o delegado, informando que esse valor extra era dividido entre os operadores do esquema.

De acordo com a PF, a Consist foi contratada pela intervenção do ex-ministro da Previdência Carlos Gabas, cuja residência foi alvo de busca e apreensão. O tesoureiro do PT entre 2005 e 2010, Paulo Ferreira, alvo da operação da PF de hoje, e João Vaccari Neto atuaram juntos pela contratação da empresa.

Do total destinado à propina pela Consist, os valores eram distribuídos entre diversas empresas de fachada que faziam contratos fictícios, que repassavam o dinheiro para funcionários do Ministério do Planejamento e políticos.

De acordo com a PF, cerca de 20% ficavam com o Partido dos Trabalhadores, por meio de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro da sigla. Cerca de 10% eram direcionados a um escritório de advocacia ligado ao ex-ministro Paulo Bernardo. "As evidências apontam que um escritório de advocacia recebia os valores e ficava com 20%. Os 80% restantes iriam para Paulo Bernardo", afirmou Costa.

Custo Brasil

De acordo com o superintendente regional da Receita Federal em São Paulo, Fabio Ejchel, o nome da operação se deve ao "aumento de custos" aos servidores públicos. "Isso prejudica a população. A corrupção é irmã gêmea da sonegação. Atuação conjunta dos órgãos é fundamental", destacou.

O procurador da República Andrey Borges, que participa da força-tarefa, destacou o trabalho em conjunto da própria procuradoria, da PF e da Receita Federal. "Não é só Curitiba que faz investigações, mas esta é uma meta de todas as instituições aqui presentes. As investigações vão continuar onde quer que seja", disse.

O inquérito policial foi instaurado em dezembro de 2015, após a decisão do Supremo Tribunal Federal para que a documentação arrecadada na 18ª fase da Lava Jato, conhecida como Pixuleco II, fosse encaminhada para investigação em São Paulo.

Polícia Federal apreende computador na Sede do PT em SPPolícia Federal apreendeu computador na Sede do PT em São Paulo


Leia também:
Delator apontou propina para ex-ministro Gabas, amigo de Dilma
Ex-ministro Paulo Bernardo é preso pela Polícia Federal
Em delação, Delcídio disse que Bernardo privilegia Consist desde o governo do MS
PF prende ex-servidores do Planejamento e dos Correios
Prisão de Paulo Bernardo enfraquece Dilma na Comissão do Impeachment
Polícia Federal apreende computador na Sede do PT em SP

Nenhum comentário: