BRASÍLIA - O apagão que atingiu 18 estados terça-feira (10) à noite transformou-se em arma política e eleitoral para a oposição ontem pela manhã. O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), relacionou o blecaute diretamente à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia.
“Além do prejuízo ao país, o apagão caracteriza a incompetência da candidata do Governo à Presidência”, afirmou Caiado. “Faltou investimento”, continuou o líder do DEM. “O modelo implantado por Dilma expulsou os investidores e o Governo não investiu, provocando o colapso”, disse.
O líder do PPS, Fernando Coruja (SC), classificou o apagão como “um caso típico de pane gerencial”. Ele avaliou que, pela extensão do blecaute, a chuva não pode ter sido determinante. “A chuva ajudou, mas o Governo colaborou para aumentar o problema. É preciso investimento e gerenciamento nesse setor”, disse. “E quem garante que não irá ocorrer outra vez?”, questionou Coruja.
O DEM e o PPS já elaboram requerimentos de convocação do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e de Dilma para prestarem depoimento nas comissões permanentes da Câmara. Ainda pela manhã de ontem, Caiado protocolou um requerimento de informações ao ministro Lobão.
Mas o líder do PT, Candido Vaccarezza (SP) rebate as acusações da oposição. Segundo ele, não houve um apagão, e sim uma queda de energia que durou menos de três horas. Ele afirmou que ao contrário do que a oposição diz, o apagão mostra a capacidade do Governo e da ministra Dilma Rousseff. “Na época deles (Governo Fernando Henrique Cardoso) foi um ano de apagão. No nosso Governo, três horas e sem nenhuma consequência grave para a economia do Brasil.
Para o cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, o uso político do blecaute pela oposição é um sinal de que o PSDB, principal adversário político do PT, ainda não encontrou um discurso capaz de polarizar com o Governo Lula.
“Eu creio que questões como o blecaute, que trouxe transtornos e problemas a milhões de brasileiros de diversos estados do país, não deveriam ser usadas apenas como instrumento de ataque político”, avalia Humberto Dantas, conselheiro do Movimento Voto Consciente”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não quer culpar ninguém antecipadamente para justificar o apagão, que atingiu vários estados brasileiros. “Eu, sinceramente, não posso dizer que foi raio, vento ou erro humano enquanto não tiver a informação correta e objetiva do que aconteceu”, disse.
“Duas coisas estão certas: não faltou geração de energia e o problema não foi de falta de linha para interligar”, afirmou o presidente, evitando qualquer relação deste apagão com ocorrido no Governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1999.
“Nós não tivemos (agora) falta de geração de energia. O que aconteceu em 2001 era que a gente não produzia energia suficiente. A gente ainda não tinha linha de transmissão para interligar todo o sistema elétrico. Hoje nós estamos com o sistema elétrico todo interligado”, afirmou Lula. Nos últimos sete anos, o Gverno, ressaltou Lula, fez o equivalente a 30% do que foi feito em 123 anos. “Portanto, fizemos não apenas forte investimento no setor de energia como forte investimento na modernização do sistema energético brasileiro”, disse Lula.
Fonte: http://migre.me/blWZ
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