23/08/2012 10:59 - Atualizado em 23/08/2012 10:59
Lucas Prates
Jardim Teresópolis, em Betim, é considerado pelas autoridades um dos bairros mais violentos da RMBH
O avanço da criminalidade em Minas Gerais é visível não só nos dados
relativos à violência, que crescem a cada mês, como também no
comportamento das pessoas. O medo invade casas e comércio, das regiões
mais carentes das cidades às mais nobres. A maioria dos casos acontece
na Grande Belo Horizonte, nas áreas das chamadas Regiões Integradas de
Segurança Pública (Risps) 1, 2 e 3. Em apenas 40 municípios, ocorrem
59,67% dos crimes violentos de todo o Estado, que tem 853 cidades.
São crimes que crescem de forma inversamente proporcional à capacidade
das forças policiais – há um déficit de mais de dez mil militares e
civis em Minas. E os investimentos devem começar a aparecer somente no
primeiro trimestre do ano que vem, segundo afirmou na quarta-feira (22) o
secretário de Defesa Social, Rômulo Ferraz. “Haverá melhorias
estruturais das polícias Civil e Militar, com mais contingentes de
homens”, disse. A expectativa é que, até 2014, ambas as corporações
recebem R$ 411 milhões em investimentos.
Desfalcada, a polícia tenta mobilizar a população contra a violência.
No Belvedere, bairro da zona Sul da capital onde foram registrados três
sequestros-relâmpagos em menos de 24 horas nesta semana, a PM convoca os
moradores para uma ação conjunta que engloba operações e mais atenção
nos pontos críticos.
Investigação falha
Investigação falha
A parte investigativa também mostra suas mazelas. Quase metade dos
policiais civis que trabalham na apuração de homicídios está empenhada
apenas na conclusão de inquéritos anteriores a 2007. É um esforço para
tirar Minas Gerais da ingrata posição de último colocado no ranking
brasileiro dos estados que menos conseguem solucionar assassinatos
antigos.
“As elevadas taxas de homicídios e de impunidade aumentam a sensação de
insegurança sobre a população”, afirma José Ignácio Cano, membro do
laboratório de análise da violência da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (Uerj).
O especialista acredita que as políticas públicas tradicionalmente
praticadas em Minas, e no país como um todo, colaboram para a violência.
Ele aponta como falhas a falta de investimentos e a proliferação das
armas de fogo. “Desigualdades econômicas e sociais também contribuem
para inquietação das pessoas”, destaca.
Com Izabela Ventura e Michelle Maia
Com Izabela Ventura e Michelle Maia
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