Servidores e estrutura de menos, o retrato da "elite" da polícia

29/08/2012 09:58 - Atualizado em 29/08/2012 09:58

Alessandra Mendes - Do Hoje em Dia

Maurício de Souza

Policiais carregam piano para simbolizar o “peso” imposto à PF, que estaria sucateada

Dezenas de operações paradas, inquéritos acumulados, procedimentos de fiscalização ignorados e descumprimentos de tratados internacionais com relação à segurança aeroportuária e ao antiterrorismo. Essa é a realidade da Polícia Federal em Minas, onde o efetivo deveria ser o dobro do atual.
A denúncia parte do sindicato da categoria. Os problemas, em nível nacional, são reconhecidos inclusive por órgãos do governo federal.
Uma auditoria realizada neste ano pelo Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que a estrutura da Polícia Federal não é compatível com a extensão da fronteira brasileira nem suficiente para o combate ao tráfico de drogas.
O tribunal indica ainda outras carências, “como a falta de coletes balísticos, carros e cães farejadores”. Na decisão, o TCU recomendou ao Ministério do Planejamento que “avalie a priorização de concursos públicos (...) autorizando o preenchimento das vagas de pessoal já criadas”.

Efeito reduzido
Minas tem, hoje, pouco mais de 480 policiais federais para atender aos 853 municípios, sendo que metade do contingente fica na capital.
Sete delegacias funcionam no interior do Estado, mas apenas a unidade de Juiz de Fora tem quantidade de funcionários “razoável” para o trabalho, segundo o sindicato. Todas as outras atuam com quadro de policiais (agentes, escrivães e papiloscopistas) abaixo do recomendado, o que prejudica o trabalho da instituição.
“Existe um atraso de meses na deflagração de operações por todo o Estado, por falta de estrutura. Um relatório que é enviado mensalmente à Controladoria-Geral da União mostra isso de forma clara. Enquanto as ações não ocorrem, as fraudes continuam sendo aplicadas e os prejuízos aumentam”, afirma Renato Deslandes, presidente do Sindicato dos Policiais Federais de Minas Gerais (Sinpef).
Dentre as delegacias especializadas de BH, a situação mais crítica é a da unidade que investiga crimes contra o meio ambiente. São apenas três policiais para atender a toda a demanda em Minas.