quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Aprovados em concurso no AM pedem prisão de comandante da PM

Policiais alegam que o coronel Almir David descumpriu ordem judicial.
Aprovados por concurso foram desligados do curso de formação da PM.
Dois aprovados do concurso da Polícia Militar do Amazonas (PM) em 2011 ingressaram na Justiça com pedidos de prisão do comandante geral da PM, coronel Almir David, alegando o descumprimento de uma decisão judicial que garante a participação deles no curso de formação de soldado. O advogado dos policiais denuncia suposto desligamento por ato administrativo irregular, que teria afetado ainda mais outros dez aprovados. Esse é o segundo pedido de prisão contra o comandante motivado por impasses do concurso.
João Ricardo Machado de Oliveira, advogado que representa os PMs Fernando Maurício Predoza e Aldemir Félix, explicou ao G1 que, em novembro do ano passado e fevereiro de 2012, conseguiu junto à Justiça mandados de segurança, que obrigavam a corporação a incluir os dois aprovados no curso de formação.
Conforme o advogado, os dois foram barrados por não possuírem o Curso de Formação de Oficiais (CFO) da Polícia Militar. Porém, a acusação alega que ambos tinham documentos que permitiam o ingresso deles: Fernando possuía o CFO do Exército, enquanto Aldemir tinha formação de curso superior.
“O edital quando foi publicado admitia o curso superior e o CFO do Exército. Depois, a própria PM modificou o edital impondo que só iria permitir a entrada de quem tivesse CFO da Polícia Militar. Dessa forma, o juiz entendeu que virou bagunça, concedendo parecer favorável aos mandados de segurança para entrada de ambos”, contou advogado Ricardo Machado.

Porém, segundo o advogado, após dez meses de participação no processo preparatório da corporação, o coronel Almir David expediu uma portaria excluindo os dois do curso, descumprindo, segundo o advogado, a ordem judicial. Os pedidos de prisão administrativa foram protocolados na sexta-feira (31) na 2ª Vara de Fazenda Pública e nesta segunda-feira (3) na 4ª Vara de Fazenda Pública, em Manaus.
“O coronel comandante da PM expediu uma portaria excluindo os dois rapazes do curso de formação. Como ele vai excluir alguém que está fazendo o curso sob ordem de um mandado de segurança e uma sentença da Justiça? Ele não tem competência legal para anular uma sentença judicial. Infelizmente sou obrigado a pedir a prisão do coronel comandante pelo fato do descumprimento de ordem judicial”, afirmou João Machado.

De acordo com o advogado de defesa dos dois, do grupo composto por 12 supostos policiais militares desligados ilegalmente, o comandante da PM do Amazonas alegou ter matriculado os aprovados no curso de formação indevidamente.
“As ordens judiciais determinavam que eles fossem matriculados no código 01, que permitia que fossem incluídos imediatamente no estágio probatório como aspirante, mas deliberadamente o coronel os matriculou no código 03, que é só após três anos de curso é declarado aspirante. Depois de dez meses nessa situação ele vem alegar ter matriculado os dois no código 03 impediu que as pessoas do código 03 de serem matriculadas. O erro foi dele, pois a ordem judicial expressava que eles deveriam ser matriculados no código 01. Ao todo, 12 pais de família estão na rua sem nada pelo mesmo motivo”, esclareceu o defensor.
Embora acredite ser relevante o comportamento irregular pelo descumprimento da ordem judicial, o jurista não acredita que a Justiça concederá parecer favorável ao pedido de prisão do comandante da Polícia Militar. “Mas é meu dever defender a arbitrariedade e o abuso de autoridade que meus clientes sofreram. A prisão é o meio mais persuasivo de se fazer cumprir a ordem da justiça”, enfatizou o advogado João Machado.
Posicionamento da PM

G1 tentou falar diversas vezes com o comandante geral da PM, coronel Almir David, porém o titular não atendeu as ligações da equipe de reportagem. A assessoria de comunicação da PM informou, no entanto, que o comandante da corporação ainda não foi notificado da decisão judicial e que a Polícia Militar está trabalhando junto à Procuradora Geral do Estado para regularizar as liminares.
De acordo com a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), os dois processos foram analisados pelo Ministério Público e agora estão à disposição dos juízes responsáveis pelos casos.
Ainda segundo o TJAM, o processo ingressado na 2ª Vara teve parecer desfavorável do MP, sob o argumento que a lei não ampara o pedido. O processo, segundo a assessoria, seguiu para despacho do juiz Leoney Figliuolo Harraquian. O segundo processo ingressado na 4ª Vara da Fazenda Pública teve parecer favorável e também está à disposição para análise. O magistrado Marcio Rothier Torres vai analisar o processo.
Impasses 
O último concurso público realizado pelo governo do Amazonas para aumento do efetivo da Polícia Militar foi marcado por impasses, que geraram expressiva demanda de ações judiciais.
Em outubro de 2011, um pedido de prisão contra o comandante geral da PM, coronel Almir David, também foi solicitado à Justiça, pela Defensoria Pública pelo não cumprimento da liminar que garante aos 500 candidatos aprovados do concurso da corporação a participação no curso de Formação de Soldados, mesmo não tendo a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), item exigido no edital do certame.

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