domingo, 2 de setembro de 2012

'Ouro': Eucalipto é dinheiro verde no Vale do Rio Doce

02/09/2012 07:33 - Atualizado em 02/09/2012 07:33

Ana Lúcia Gonçalves - Do Hoje em Dia


Leonardo Moraes/Hoje em Dia
Florestas comerciais de eucalipto são cada vez mais comuns na paisagem da região do Vale do Rio Doce

Florestas comerciais de eucalipto são cada vez mais comuns na paisagem da região do Vale do Rio Doce GOVERNADOR VALADARES – Produtores rurais do Vale do Rio Doce estão se rendendo ao plantio de eucalipto. No lugar de terras degradadas e pastos secos, o verde das florestas comerciais predomina. E anuncia um novo ciclo econômico: o do eucalipto.
Não se sabe quantos adeptos da monocultura há na região, mas só a Cenibra, que atua em 93 municípios a até 150 quilômetros da unidade em Belo Oriente, já plantou mais de 30.500 hectares. Atualmente, a indústria tem mais de mil contratos com 900 produtores rurais. Já a Fibria Celulose S.A. (Aracruz e Votorantim) tem 40 contratos na região e 500 hectares plantados.
Parceria
O Programa de Fomento Florestal oferecido pelas empresas prevê a produção de florestas renováveis de eucalipto por meio de parceria, com transferência de tecnologia, financiamento das atividades e fornecimento de insumos, mudas clonais e assistência técnica especializada aos produtores.
A contrapartida é a madeira. Segundo o produtor Hélio Macedo de Queiroz, de 71 anos, o plantio de eucalipto em áreas não aproveitáveis para a agricultura ou a pecuária é, além de solução, uma atividade altamente rentável. “Muitos de nós não têm recursos para tratar a terra, em grande parte formada por pastagens e castigada pela pecuária ao longo dos anos”, diz.
Queiroz cuida de 82 hectares em Baguari, distrito de Valadares. Pelos cálculos que fez, o lucro com a monocultura será, no mínimo, cinco vezes maior que o gerado pelo gado de leite. A floresta, de sete anos, será cortada pela Cenibra neste semestre.
Arredores
A mesma conta fez o produtor Ricardo Augusto Pereira, que tem 180 hectares de eucalipto plantados em parceria com a Fibria Celulose S.A., na cidade vizinha de Frei Inocêncio. Antes, ele produzia 40 mil litros de leite por mês. Com a parceria de fomento florestal, Pereira dividiu a propriedade. Uma das partes é só para a monocultura.
A floresta ainda não foi cortada, mas o dono acredita que o retorno será “muito maior” do que o trazido pela pecuária de leite, de R$ 300 por hectare ao ano. “O eucalipto pode ser a redenção do Vale do Rio Doce, que foi a mais importante bacia leiteira do Estado”, diz.
Ele avisa, porém, que a atividade só é lucrativa se desenvolvida em áreas não aproveitáveis para a agricultura ou para a pecuária, e com suporte de uma grande indústria. Assim, o custo é “quase zero”.