sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Baiano, Lula e Bumlai: por que Janot não pede nem mesmo a abertura de um inquérito contra chefão petista?

Vejam esta imagem. Já volto a ela.
BumlaiNão tem jeito! Eu quero, sim, que Eduardo Cunha e outros quaisquer respondam por seus atos, pouco importa que pito toquem. Não sou Lula. Não sou petista. Não tenho moral seletiva. Mas jamais vou me conformar que Rodrigo Janot e o Ministério Público tenham transformado Eduardo Cunha na principal personagem do petrolão, um escândalo protagonizado, obviamente, pelo PT. E as evidências desse absurdo vão se acumulando. Querem ver?
Fernando Soares, o dito Fernando Baiano, fez acordo de delação premiada. Dados que vazaram de seus depoimentos, revelados pelo Jornal Nacional, complicam ainda mais a situação de Cunha, sem dúvida. Baiano afirma que entregou no escritório do deputado, no Rio, entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão, em dinheiro vivo. Seria parte da propina de US$ 5 milhões relativa à contratação de navios-sonda da Petrobras.
Mas há mais do que isso. Vocês se lembram que Lula criou uma imagem para o pré-sal, né? Seria, segundo ele, um “bilhete premiado”. Se Baiano diz a verdade, a família Lula da Silva teve acesso especial ao prêmio. Por quê? O delator, que afirmou ter pagado despesas da ordem de R$ 2 milhões de Fábio Luiz da Silva, o Lulinha, disse ao Ministério Público que repassou outros R$ 2 milhões para uma das noras de Lula.
Como e por que foi feito? Baiano trabalhava para que a OSX, empresa de Eike Batista, fosse contratada pela Sete Brasil para a construção de navios-sonda da Petrobras. O lobista recorreu então ao pecuarista José Carlos Bumlai, um polêmico amigão do peito de Lula, que conseguiu mobilizar o chefão petista. Segundo Baiano, o ex-presidente participou de reuniões.
O lobby de Lula tinha um preço: um repasse de R$ 3 milhões para uma nora sua. Baiano diz que acabou pagando R$ 2 milhões. Bumlai foi o intermediário da operação. Os dois simularam um contrato de aluguel de equipamentos, com notas frias. Lula, claro!, disse não ter nada com isso e que nunca autorizou Bumlai a negociar em seu nome.
Amigo-problema
José carlos bumlaiJosé Carlos Bumlai (foto ao lado) é um amigão de Lula. Do peito mesmo. Voltem à imagem lá do alto. Quando o Babalorixá era presidente, havia uma foto do empresário na portaria do Palácio do Planalto com a seguinte recomendação:
“O sr. José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento na portaria Principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de destino, após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e qualquer circunstância”.
Pois é… Nem dona Mariza Letícia teria tal privilégio, não é mesmo? Suponho que nem o ministro da Fazenda ou o presidente do Banco Central. Se vocês clicarem aqui, terão acesso a uma porção de posts em que o amigão do Poderoso Chefão petista aparece em situações nebulosas.
Em 2010, o Incra comprou terras suas para a reforma agrária. Uma perícia revelou um superfaturamento, em uma única operação, de R$ 7,5 milhões. O homem, um pecuarista, participou da formação de consórcio para a construção da usina de Belo Monte. Bumlai também aparece fazendo pressão para o Banco do Brasil patrocinar a empresa de games de Lulinha. Mais: segundo Marcos Valério, aquele do mensalão, foi o pecuarista que arrumou dinheiro para pagar um chantagista que ameaçava envolver Lula na morte do prefeito Celso Daniel. Mais um pouco? Em 2013, mais da metade da dívida bilionária da usina de açúcar álcool do amigão de Lula estava com o BNDES e o Banco do Brasil, dois entes públicos.
Intimidade, pois, não falta entre Lula e aquele que, segundo Fernando Baiano, intermediou uma propina de R$ 2 milhões para uma nora do petista em razão do lobby que este fez em favor de uma empresa privada.
Venham cá: quando Janot determinou a abertura de inquéritos da Lava-Jato, havia contra os investigados algo mais do que isso? Por que nem mesmo um inquérito existe para investigar Lula? 
Texto publicado originalmente às 2h48
Por Reinaldo Azevedo

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