quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Polícia Federal pediu dinheiro ao juiz Moro

Manutenção

Superintendência de Curitiba solicitou recursos para pagar contas de luz e consertar viaturas

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Desmentido.Cardozo disse que a superintendência de Curitiba devolveu R$ 3 milhões no ano passado
PUBLICADO EM 07/01/16 - 04h00- O Tempo
SÃO PAULO E BRASÍLIA. Os investigadores da operação Lava Jato pediram ajuda ao juiz Sérgio Moro para pagar consertos de carros e contas de luz da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba no ano passado. O juiz autorizou a liberação de R$ 172 mil recuperados pela Justiça do Paraná e disse que as investigações não poderiam ser “interrompidas por falta de dinheiro para despesas básicas”. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no entanto, negou que tenha havido falta de verba.
“Não faltou verba nenhuma. Tanto que a Superintendência do Paraná devolveu R$ 3 milhões no fim do ano passado, afirmou Cardozo. O ministro afirmou que o Ministério da Justiça não recebeu nenhum pedido para a liberação de verbas. Segundo ele, todas as unidades passaram pelo corte de gastos, mas ressaltou que não faltou dinheiro para a Lava Jato. “Quando uma unidade está com o problema, a gente faz o descontingenciamento. Na PF nunca deixamos de atender nada. Nem a Lava Jato. Se tivessem pedido, os recursos estariam lá. Tanto que o dinheiro sobrou”, disse Cardozo. A PF de Curitiba não se manifestou sobre as afirmações do ministro da Justiça, mas o representante da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) desmentiu o ministro.
“Da Superintendência do Paraná não foi devolvido nada. Fechamos no vermelho. Essa devolução não procede”, explicou o delegado federal Luiz Fayad. Ele afirmou que se a luz fosse cortada a Lava Jato pararia.
Os recursos usados para pagar os custeios da manutenção da sede da corporação em Curitiba saíram de uma conta judicial ligada a outro caso de lavagem de dinheiro: o Banestado. A informação sobre a liberação de recursos por Moro foi publicada pelo site da revista “Veja”.
A verba foi depositada pelo doleiro Hélio Laniado, em 2006, como parte de um acordo de delação premiada assinado com a Justiça. Laniado e o doleiro Alberto Youssef formaram o núcleo financeiro do esquema responsável pela lavagem de dinheiro e pela evasão de divisas que movimentou mais de US$ 1,2 bilhão entre 1995 e 2002.
Em 2014, a Superintendência da PF de Curitiba enviou ofício a Moro pedindo autorização para usar R$ 1 milhão, recuperado pelo acordo, para melhorar a estrutura da corporação no Paraná. A ideia era implantar um sistema de câmeras de vigilância e alarme para unidades da PF no Estado. O juiz autorizou.
Em novembro do ano passado, a PF mandou outro ofício pedindo que parte dos recursos fosse usado para pagar contas de luz e ajudassem na manutenção de veículos. Moro autorizou com um alerta: “Embora não seja muito apropriado a destinação dessas verbas para custeio, as investigações da Lava Jato, por sua relevância, não podem ser interrompidas por falta de dinheiro para despesas básicas de custeio”, afirmou o juiz no despacho.
Prioridade
Estratégico. “A Polícia Federal tem sido total prioridade do Ministério da Justiça. Jamais faltará verba para a Lava Jato ou qualquer outra operação”, disse Cardozo ao responder a ADPF.
Repercussão

Oposição
. Líder da bancada do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP) disse nesta quarta que a bancada poderá pedir a convocação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para dar explicações à Casa sobre o corte de 3,7% dos recursos da Polícia Federal.

Base.  Já o líder do governo na Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado Paulo Pimenta (PT-RS), afirmou que há uma tentativa de criar uma “conotação política” no corte no orçamento da PF. O petista destacou que a restrição à verba ficou dentro da “média” imposta a todo o serviço público. 

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