sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Tenente explica depoimento polêmico: “só quem pode julgar, analisar é quem está na linha de frente”

tenente valdomiro
Repercute nas redes sociais o áudio que o Tenente Valdomiro Suzart, comandante da 27ª CIPM de Cruz das Almas gravou e compartilhou no Whatsapp. Entre comentários positivos e negativos, a fala do Tenente divide opiniões.
Por conta da enorme repercussão, o Tenente falou para a reportagem qual foi a intenção na sua fala. Em uma entrevista ao programa Levante a Voz na Rádio Andaiá FM, nesta quinta-feira (14), o Tenente afirmou não se arrepender do que falou, pois ninguém sabe o que o policial passa.
“Ninguém está no lugar da gente, de nós policiais. Só quem pode julgar, analisar o porquê falei aquilo é quem está na linha de frente”, disse.
Segundo o Tenente, no ano passado ele participou de mais de vinte combates em diversas cidades, no qual recebeu e deu tiros. “Em uma dessas cidades ficamos ilhados, eu tenente Dalton, subtenente Mascarenhas e subtenente Neto onde ficamos sem munição, precisando pedir socorro aonde nesse confronto a gente não esperava se bater com o número de marginais que eu me bati, numa determinada cidade e em determinada favela. Quando pedimos socorro, até que chegue a gente usa a própria casa dos meliantes para ficar protegidos”, relatou.
Ele ainda complementou que, “a sociedade não sabe o que passamos durante as noites e dias invadindo favelas, manguezais, caatingas, bairros periféricos onde ao tráfico tá dominando e a população está refém. Estou estressado com isso, nós não estamos aguentando. Não posso sair sem a certeza que vou voltar. Eu não escolhi a polícia, a polícia que me escolheu, Deus quis que eu fosse PM.  Quando soltei o áudio, não me arrependo, foi o meu pensamento e ninguém pode punir. Todos temos essa liberdade de expressar”, reiterou.
O Comandante afirmou que o bandido atira para derrubar o policial e lamentou que, segundo ele, ninguém se importa com isso, falando que a população dá maior importância quando um bandido morre. “Quando um policial morre é o estado que está morrendo, é a sociedade que está morrendo, mas a sociedade não percebe isso e não chora, agora morre um bandido que está envolvido com o tráfico e a sociedade fecha a rua, queima pneu, impede o trânsito, vai em confronto com a polícia. Ninguém vai visitar a viúva, seus filhos, ninguém da comissão de direito humanos vai lá saber o que é que pode ser feito para agilizar a atenção o mais rápido possível para que aquela família não venha passar fome, ai fica a gente depositando 30, 50, 60 reais para a família do policial”, desabafou.
Em outro desabafo o Comandante afirmou que a decisão de atirar é tomada em questão de segundos, se não é ele, como profissional que acabaria morrendo. “Eu quando estou em combate tenho um segundo para decidir se atiro ou não num cara que esta me dando tiro e um juiz ou promotor tem anos para analisar se aquele tiro que dei em um segundo que tive para pensar se foi certo ou errado. Eu tenho 52 anos de idade, cabelos brancos, experiência de muitos anos, tá três ou quatro indivíduos armados com metralhadoras atirando e eu jogando flores nele? Vou esperar ele primeiro me atirar para depois eu agir? E se o tiro pegar em minha testa, pra onde vou atirar se estou morto?”, questionou.
Leia o desabafo na íntegra:
“Quero aqui de público, pode passar esse áudio para a Bahia toda e para o Brasil, externar o prazer que é comandar uma tropa como é a do Pelotão de Emprego Tático Operacional, popularmente chamada na região do recôncavo como Tático Móvel da 27ª. Essas guarnições, esse pelotão dá tesão a qualquer comandante sair por aí dizendo ‘eu comando o Tático Móvel’, é o orgulho da 27ª, é orgulho do recôncavo, é orgulho da Bahia comandar esse pelotão. Avante Guerreiros! Botou de frente, tá armado, levantou a arma, apontou, pau, pau e pau, descarrega tudo, depois a gente briga com o subtenente Erivelton e bota os cartuchos no lugar, porque ele fica ‘retado’ quando a gente gasta, mas é pra gastar mesmo e a partir de agora gastar botando no peito ou na cabeça, puxou a arma, atirou na gente é pau, arranca a cabeça. Deixa Ministério Público reclamar, deixa para o Juiz reclamar, deixa todo mundo reclamar, deixa a imprensa reclamar, mas nós não podemos é perder policiais mais, não podemos mais de maneira nenhuma, é anormal um policial ser baleado gente, pelo amor de Deus é anormal! O Ministério Público precisa entender isso, o Poder Judiciário tem que entender, é anormal eu sair para trabalhar, vocês saírem para trabalhar e nossas esposas, nossas famílias receberem a gente numa caixa de madeira, é anormal isso! Normal tem que ser o bandido morrer e não um policial, que se lasque todo mundo que não gostou do que eu estou falando. Quem está falando aqui e o tenente Suzart a dispor de quem quiser achar ruim”.

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